30 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo


        A festa de passagem do ano envolve rituais simbólicos criados para festejar, ou destacar o fim de uma etapa e a chegada de outra. Fogos, champanhe, lentilhas, abraços, gritos, pulinhos, roupas brancas integram o rito de passagem em que o ser humano faz uma espécie de avaliação de pontos positivos e negativos da sua vida. Com o ritual procura despir-se de crises, vícios, problemas, perdas, angústias e, simultaneamente, projeta sonhos, atualiza projetos, reorganiza a vida e vislumbra um tempo novo e promissor. Alguns rituais e comidas são involuntariamente “religiogizados”, recebem significados mágicos e espirituais, tais como: boa sorte, dinheiro fácil, fartura, afastamento de maus espíritos, e outros.
       Esses rituais de passagens, também as festas de aniversários e jubileus, com a marcação do tempo em ciclos são milenares. Estão ligados à necessidade do ser humano de construir segurança a sua vida, de antecipar certezas que não conhece, mas que espera. Geram bem estar e fortalecem a esperança. Contribuem para a saúde mental.

O “reveillon” tem o poder de tocar milhões de pessoas de diferentes culturas e religiões. Tornou-se um espetáculo humano que subverte e substitui outros rituais com propósitos semelhantes.Em francês, a palavra ‘réveillon’ remete a vigília, ao ato de estar acordado. Afinal é preciso marcar a passagem do velho para o novo com energia e vibração.

        A Igreja cristã, por exemplo, com o seu calendário litúrgico que marca a passagem para o novo ano no quarto domingo antes do natal, perdeu o seu impacto. Pouquíssimas pessoas da Igreja cristã dão valor ao rito eclesiástico e a sua liturgia.  Pro isso, os cristãos, impactados pelo ritual do réveillon, sem perceber alguma contradição com a proposta da sua Igreja, participa da festa do ano novo na virada do dia 31 de dezembro para o dia 01 de janeiro.


Então, mais um motivo de festa: FELIZ ANO NOVO! 

Guilherme Lieven

9 de dezembro de 2011

Água, fonte de vida

Em todos os tempos, as águas foram testemunhas e fonte de vida ao abrigarem de forma privilegiada as relações humanas. Lembramos, por exemplo, do tempo em que, às margens dos rios as mulheres lavavam roupas e utensílios domésticos, trocavam saberes, repartiam os sofrimentos e criavam poesias e melodias.  As águas refrescavam e alegravam as crianças, jovens e adultos. Nelas eles pulavam, nadavam, brincavam, ouviam e repartiam a vida.

Água, fonte de vida
No pé da casa você faz uma cisterna
E guarda a água que o céu lhe enviou
É Dom de Deus, é água limpa, é coisa linda
Todo idoso, o menino e a menina
Podem beber que é água pura e cristalina.

(da poesia “Águas de Chuva” de Roberto Malvezzi)


A ÁGUA, UM MEIO QUE REVELA DEUS À HUMANIDADE

Onde há vida, há água, onde há água, há vida. A água é fonte de vida e meio que facilita a relação do ser humano consigo mesmo e com Deus.
A maioria dos povos crê que a água é fundamental para a manifestação do amor divino. Narrativas religiosas antigas contam que o ser humano foi feito da água, saiu da água para a terra.
Os povos indígenas, herdeiros de culturas antigas, adoram a água como manifestação divina, morada dos Espíritos. Para eles os rios e fontes são lugares sagrados. Também as chuvas são vistas como água sagrada.
Para os povos andinos, a água é o primeiro presente divino, o ser humano é visto como formado mais de água do que de terra.

8 de dezembro de 2011

Ezequiel 34.11-16, 20-24


Neste domingo, denominado Cristo Rei, celebramos o encerramento do Ano Litúrgico. Destacamos o Deus presente no quotidiano, que acompanha e participa da história, que cria sinais do novo que há de vir. O Deus superior aos poderes da morte, que resgata, acolhe e orienta aos dispersos.
As palavras do profeta Ezequiel anunciam a soberania e a autoridade de Deus para um povo derrotado, disperso e desacreditado. Certamente o profeta estava entre os deportados para a Babilônia, pelo rei Nabucodonosor, no exílio de 598 a.C. Ezequiel aponta os erros praticados pelo povo que ouve a palavra, mas não a põe em prática, deturpa e suaviza o juízo, cultiva a ambição e são indiferentes diante das desigualdades. O profeta anuncia a soberania de Deus sem omitir a denuncia da corrupção e das injustiças.
Ainda hoje convivemos com a adulteração da mensagem bíblica, com leituras falsas da presença salvadora de Deus em nosso contexto. Ainda há povos dispersos e no exílio, sem forças para a resistência, dopados por mensagens que escondem os valores da dignidade humana, o juízo, e subvertem a presença salvadora de Deus.
Nos bairros das nossas cidades encontramos comunidades humanas em busca de trabalho, lazer, espaço, saúde, sentido e bênçãos para a vida, marcadas pela dispersão, privadas da sua história e da esperança. Vivem sob o impacto da pluralidade religiosa, revestida de ritos e discursos com base na Palavra de Deus, nem sempre fiéis, ou sob a graça do Deus que tem autoridade, presente na história, vencedor da morte e Criador do reino da vida plena, já sinalizado entre nós.
Da mesma forma, cada um de nós confronta-se diariamente com a mobilidade social e econômica, repleta de ofertas e mensagens, que nos tornam reféns de um messianismo histórico, despido da graça, da misericórdia de Deus e da esperança. Gera angústias, medos, dúvidas, violência e doenças. Mesmo quando a busca é por proteção, segurança e ajuda o que se encontra são falsas propostas e mensagens, que passam por ofertas de benefícios, curas e poderes sagrados, limitados aos recursos e á história humana.
O profeta Ezequiel no contexto de desgraça, desigualdade, injustiça e confusão reapresenta ao povo a soberania do Deus pastor: livrarei as ovelhas dispersas. Cuidarei delas para que tenham lugar, água, alimento, descanso e saúde (– Para Martim Lutero: “o pão nosso de cada dia”). O profeta resgata o Deus pastor que se importa com o seu povo, que se coloca ao seu lado e participa da sua história.
Ao mesmo tempo Ezequiel anuncia o Deus rei e juiz que se defronta com a desigualdade e a injustiça. O Deus que no contexto de violência, opressão e morte, na realidade em que convivem “ovelhas gordas” e “ovelhas magras” cultiva a justiça. O profeta anuncia o Deus Príncipe, promotor da paz, gerador da igualdade, o mesmo que cuida, acolhe, alimenta e salva.
Em nosso tempo somos chamados para ouvir e, pela fé, praticar a mensagem bíblica de Ezequiel. Essa palavra profética não nos é estranha. Conhecemos a obra salvadora do Deus Pastor e Príncipe da Paz, que em Jesus Cristo instaurou no mundo o reino soberano do amor, da graça, da paz e da justiça. O Cristo que agora nos convida: “Vinde, entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” (Mt 25.34)

Mateus 3.2, - “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.”


Esta palavra bíblica vem do discurso de João Batista, que anuncia a chegada de um novo tempo, do reino dos céus, da presença de Deus no mundo. Pelo ritual do arrependimento propõe a preparação para viver essa novidade, um recomeço de vida em comunhão com Deus.
Os relatos bíblicos indicam que a chegada da nova aliança de Deus ao mundo, realizada em Jesus Cristo, gerou as primeiras comunidades cristãs que, com o tempo, agregaram a sua vivência de fé rituais de recomeço, por exemplo, o batismo, a confissão de pecados acompanhada do anúncio da graça, imposição de mãos, e outros gestos mais tarde incorporados ao calendário das Igrejas cristãs.

Deus Pai, Todo Poderoso

Em nosso tempo o Deus Pai, todo poderoso já é um dos mais desconhecidos. A pluralidade, o sincretismo e a mobilidade religiosa relativizam a existência e a revelação de Deus. Religião e fé transformaram-se em uma opção e produto, relacionados ao gosto pessoal. Cada um escolhe o seu deus, o seu ritual, a sua verdade, a sua salvação. Até mesmo em nossas comunidades encontramos pessoas que recitam o Credo dos Apóstolos e confessam sua fé em Deus Pai, todo poderoso, referindo-se a formatação que elas mesmas criaram de Deus.
Por sorte e graça, Deus mesmo se revela. A nossa fé vem da sua ação. Ele vem a nós. Apesar das forças que obscurecem a sua presença no mundo, Ele mesmo proclama as sua glória e anuncia as suas obras (Sl 19.1). A maior revelação do Deus Pai, todo poderoso está em Cristo. O Pai nosso, em Jesus tornou-se pessoa humana. Através Dele nos acolheu como filhos e filhas e revelou o seu amor, a sua misericórdia. E permitiu o uso da categoria humana “Pai” para comunicar a sua proximidade, proteção e autoridade.
A revelação de Deus, através do amor, identifica o seu poder. O Deus Pai, amor e reconciliação é todo poderoso (Rm 5.8). O seu enorme poder se traduz em ação de graça e bondade, que transforma, vence o mal e antecipa para esse mundo os sinais de um novo tempo com uma nova realidade. O poder de Deus se revela na fraqueza (1 Co 1.18). Na arte sagrada de dar carne aos ossos secos, de restabelecer o que, aos olhos e à sabedoria humanos, já estava perdido.
A presença e a ação de amor de Deus no mundo nos ajudam a ver os seus sinais. A sua Palavra e o testemunho articulam o nosso entendimento e a experiência da fé. Assim, o Deus Pai, todo poderoso fala conosco e nos acolhe. Nesse movimento maravilhoso escapamos do limo da relatividade da fé e da sedução de construir o nosso próprio deus, mágico e restrito as nossas vontades, ordens e vaidades.

Oração: Deus Pai, todo poderoso, pelo poder do Espírito Santo, aumenta a minha fé. Deus de amor, através da tua Palavra e do testemunho de muitos fala comigo e permite que eu veja os teus sinais. Sob a tua graça e em comunhão com o outro quero viver. Amém
Guilherme Lieven

O Apóstolo Paulo e o Ecumenismo

Ecumenismo desafia os cristãos para viverem a fé na pluralidade, na diversidade, na provisoriedade,  unidos no Corpo de Cristo sob a graça do Deus da grande casa.

Podemos dizer que Paulo foi um apóstolo ecumênico?  Sua trajetória pessoal e de apóstolo indicam um perfil ecumênico? Claro que não podemos remeter essa expectativa e conceito para aquele tempo das primeiras comunidades. Mas as comunidades daquele tempo visitadas a partir desse desafio nos surpreendem.
Nasceu em Tarso. No primeiro século, a principal cidade da província da Cilícia na parte oriental da Ásia Menor. Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar.
Foi também cidadão romano. E Judeu, “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1). Residiu por muitos anos em jerusalém. Um homem das muitas viagens e convivência com as grandes e pequenas cidades. Um homem que conheceu a pluralidade religiosa da cultura grega e do Império.
Foi blasfemo, perseguidor dos cristãos “. . . noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 Tm 1:13).
Paulo renasceu, foi convertido. Foi aoclhido por um apóstolo residente em Damasco, por nome Ananias, tornou-se amigo e conselheiro, um homem que não teve receio de crer que a conversão de Paulo’ fora autêntica. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.
Sua teologia e sua missão sofreu resistência. Mesmo assim fez muito pela difusão da mensagem do Deus da graça, da cruz  e da ressurreição entre os gentios, E tornou-se o principal apóstolo.
- Paulo participou da revelação de Deus, através da histórica. E ele mesmo a interpretou como apóstolo e  testemunha.

Gálatas 5.25-6.10 - Plantar e colher o bem

Gálatas 5.25-6.10 Conforme João 6.68, Pedro diz a Jesus que Ele tem a palavra da vida eterna. Não tem outro a ser seguido. Pedro pergunta a...