17 de dezembro de 2020

Ano novo, Vida Nova!

Todo início de ano traz consigo o sentimento de recomeço. Mexemos em nossa gaveta de sonhos e desejos. Esperamos coisas novas e boas. Nesse ano 2021 não será muito diferente, apesar das marcas penosas causadas pela pandemia da covid19. Mesmo que alguns entre nós serão mais cautelosos, menos idealistas e consentirão que nem tudo que esperam passa pelo seu controle e poder. Lembramos da promessa em Apocalipse 21.4 e 5: E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas… Essa promessa foi anunciada às comunidades cristãs do Império Romano, quando enfrentavam uma brutal perseguição. Viviam numa realidade desesperadora de morte, dor, choro e medo. Nesse tempo o Apocalipse revela o Deus soberano que escapa dos poderes dos tiranos do mundo e anuncia o novo que há de vir. Almejamos coisas novas. Queremos sonhar novamente e viver longe do ataque do Covid19 e em uma realidade mais justa e sem violência. Oramos e confiamos a Jesus Cristo o milagre do novo que esperamos. E não ficaremos de braços cruzados. Aceitaremos o santo chamado para participar do novo que se fará presente. Cremos que em meio a morte Jesus Cristo nos mostrará o caminho das pedras vivas. E nos envolverá em ações de bondade, solidariedade, amor, reconciliação e paz. Anunciaremos às novas gerações que o Deus soberano, que escapa das mãos e do controle dos malfeitores do mundo está presente na realidade, enxugando as lágrimas, fortalecendo e construindo sinais do novo que virá.

Recomeço, um milagre

Mateus 3.2, - “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” João Batista anuncia a chegada de um novo tempo, do reino dos céus, da presença de Deus no mundo. Anuncia o arrependimento como caminho para viver essa novidade, um recomeço de vida em comunhão com Deus. A proposta de arrependimento e recomeço tem a força de levar à adoção de uma vida nova, que se fundamenta em Jesus Cristo, a luz de Deus que nasceu no mundo. O recomeço acontece quando a pessoa humana aceita um fundamento novo para a sua vida, o nascer de novo, a ação salvadora de Jesus. A nossa Igreja promove esse movimento de arrependimento e recomeço proposto por João Batista. Um culto no mês de novembro de cada ano confronta os membros das comunidade com a morte, com o final da vida aqui no mundo e, simultaneamente, com a esperança na plenitude da vida anunciada por Jesus Cristo através da ressurreição. Em seguida, no quarto domingo antes de natal, as comunidades iniciam a preparação para o novo, para festejar a chegada de Deus ao mundo, o nascimento de Jesus. São quatro domingos denominados de Advento, tempo de preparar o novo recomeço com o Deus que nasceu no mundo. Essa preparação passa por arrependimento, despir-se do que é velho. Nessas quatro semanas acontece o ritual do tempo de Advento. Inicia-se as orações e estudos que convidam todos para esperançarem e de esperar o novo que vem das mãos bondosas de Deus. A festa do natal de Jesus é planejada. Deus nasce. O seu natal no mundo convida todas e todos para se arrependerem dos males e dos erros praticados, e começar de novo. Esse é o milagre. Participar da chegada do reino dos céus ao mundo e comprometer-se com o natal da vida, que inclui a renovação, a transformação, recomeço.  O arrependimento leva ao recomeço. Torna-se fonte de luz, fonte de vida. Nova oportunidade para viver confiante na vida plena. Tempo de recomeçar, de festejar a vida que vem Deus.

22 de outubro de 2020

Reforma, é bom viver!

Quando a casa está caindo a sua reforma resgata o mais importante, restaura a beleza e reforça a segurança do lar. Mas, sempre é um momento de muito trabalho, de mudanças, de inquietações e desavenças. Quando a Igreja estava caindo, a Reforma celebrada em 31 de Outubro, iniciou um movimento que resgatou belezas do evangelho escondidas por pessoas e pelo tempo. Apontou novos horizontes. Retirou a poeira da Bíblia e reforçou os pilares da fé nas comunidades e na igreja. Trouxe novos ares à igreja. O movimento da Reforma evangelizou e trouxe nova vida e ânimo para as filhas e os filhos de Deus, e para a igreja Cristã.

Em 2020 a nossa casa comum ficou em perigo. Muitas coisas envelheceram. Perderam validade. A vida humana foi ameaçada e amedrontada pelo vírus mortal, covid 19, que instalou no mundo a pandemia. Muita dor, luto e sofrimento, medo e inseguranças invadiram nossas casas, escolas, empresas, igrejas e a sociedade. Muitos lobos perderam suas peles de carneiro.

Chegou um tempo que exigiu reforma. Gerou busca por novo sentido para as coisas e nova maneira de viver. Ao mesmo tempo nos surpreenderam e nos destronaram de muitos poderes. Sofremos e perdemos. E, ao mesmo tempo, certos da presença de nosso Senhor Jesus Cristo aprendemos, ganhamos sabedoria, fomos animados na fé e a nossa esperança recebeu sentido.

O evangelho de Jesus Cristo novamente nos salvou. Relemos o passado e fomos movidos em direção ao novo, que passa pelo caminho da palavra de Deus, da diaconia, do ouvir e consolar, da oração e da comunhão. A nossa fé esta sendo fortalecida.

Nesse tempo, assim como no século XVI, e no tempo em que os discípulos estavam amedrontados, após a morte de Jesus na cruz, Ele chega e diz: “Estarei convosco” (Mt 28.20); “Que a paz esteja com vocês” (Jo 20.19). Guiados por Jesus, restauramos a beleza do evangelho e nos aprontamos para participar do novo que virá. É bom viver.

Chamados para servir

Há diferentes entendimentos sobre o serviço ministerial de pastores, pastoras, diáconas, diáconos, catequistas e missionários. Muitos reconhecem as atividades ministeriais, outros não conseguem perceber dedicação, entrega, vocação e trabalho, em especial nesse tempo em que os cultos presenciais estão suspensos. Como entender que leituras, diálogos, reflexões, planejamento e avaliações, preparação de textos, meditações, ofícios, cultos, atendimento ao telefone, edição de vídeos, tomada de decisões, supervisão de atividades podem cansar, causar fadiga mental, desânimo e angústia? Meu tio Max sempre me dizia: “Guilherme, pastor não faz nada durante a semana e descansa na segunda-feira”. A Confissão de Augsburgo, documento confessional da igreja, assegura a legitimidade do ministério eclesiástico, instituído para ensinar o evangelho e administrar os sacramentos, exercido por pessoas preparadas e chamadas. O termo de atividade ministerial, que rege o vínculo do ministro eclesiástico com um paróquia atesta que a atividade ministerial é de natureza religiosa, não avaliável economicamente, mas de dedicação integral. Por isso o Concílio da IECLB define uma subsistência ministerial para todos que exercem a atividade ministerial com ordenação. A atividade ministerial é um abençoado serviço a Deus e a suas filhas e filhos. É mensageira do evangelho e cuidadora das suas graças e dádivas, expressas nos sacramentos. O chamado é para servi ao Senhor com alegria (Salmo 100.2) também em tempos difíceis.Tal como os membros das comunidades, ministros e ministras sentem saudades das celebrações presenciais. Decepcionam-se quando não conseguem ajudar, consolar, animar, ouvir e abraçar. Ficam estarrecidos quando as pessoas não se cuidam e aderem a falsas informações. Também choram e se angustiam. Louvamos a Deus, somos gratos, por todo o trabalho de ministros e ministras nas comunidades e paróquias.

6 de outubro de 2020

 Que a graça e a paz de Deus e do Filho Jesus Cristo estejam com você. Amém


Deus nos chamou para sermos parceiros, parceiras. Filhas e filhos seus de comunidades e igrejas diferentes, em países diferentes, com história, costumes e línguas também diferentes. Mas parceiros chamados para a mesma tarefa, Viver a fé em Jesus Cristo, proclamar o evangelho, dar frutos e anunciar a vida, dom de Deus.


Nesse culto proclamo a palavra de Deus, tomando como base o lema do tema do ano da nossa IECLB: Eu escolhi vocês para que deem frutos. João 15.16. Sim, Jesus anunciou: Eu escolhi você para dar fruto!

No capítulo 15 do evangelho de João, Jesus anuncia: Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto. Permaneçam em meu amor. Amem uns aos outros, assim como eu os amei; 


Somos chamados para dar frutos. Alimentar o mundo com a beleza dos frutos, com o sabor dos frutos, com as proteínas e vitaminas dos frutos. Com gestos, ações, escolhas, posicionamentos, cuidados de amor, verdade, justiça e paz que transformam vidas - Sinais da plenitude, da vitória salvadora e maravilhosa de Deus da morte.


Deus nos escolheu para estar no mundo como árvores frutíferas, que não podem ser cortadas, incendiadas, depredadas. Ele está presente e acompanha, guia e cuida do seu pomar de frutas e frutos.


Ao ouvir essa palavra minha vida enche de esperança. Sinto-me fortalecido, vejo horizontes, aprendo a doar, a participar da missão de Deus de revelar a vida em meio aos poderes da morte.


A pandemia do covil19 nos destronou de muitos poderes. Mas, a palavra de Deus nos orienta, nos anuncia que fomos escolhidos, escolhidas para na fraqueza, no provisório, na realidade e tempo que escapam ao nosso controle ser alimento, protagonistas do amor, testemunhas da vida que é maior do que a morte, sinal da reconciliação, da salvação de Deus.


Vamos caminhar juntos, dar frutos, amar uns outros, permanecer em Jesus Cristo, guardar os valores preciosos da vida e anunciar que, apesar de tudo, a vida vem de Deus e está em suas mãos.

Paz.

7 de setembro de 2020

Buscar a Paz, acabar com a festa da morte

Vivemos num tempo que precisamos buscar a paz. Percebemos um vazio. Parece que está faltando o principal mesmo quando temos muitas coisas. Essa situação é semelhante aquele momento quando cozinhamos e, ao provar o alimento que estamos preparando constatamos que falta alguma coisa. A panela está cheia mas não tem gosto. A impressão é que a panela está vazia.


Temos muitas coisas para viver. Pessoas amigas e confiáveis estão ao nosso lado. Até as flores resistem, também o sol, a lua, as chuvas, o frio e o calor. Mas, e a paz? Falta a paz.


Refiro-me a paz como um invisível volume de afago, um enorme manto de proteção e consolo. Um tesouro maravilhoso composto de esperança e certezas que preenchem a nossa vida e nos tornam maiores do que a dor, o medo, a angústia, o mal. Algo de fora de nós que ocupa o enorme vazio em nosso corpo, mente e espírito. É mais do que uma sede ou fome. Porque mesmo saciados necessitamos dela.


Os discípulos de Jesus, logo depois da crucificação se esconderam em uma casa. Estavam assustados, com medo, feridos pela perda do Mestre, o Filho de Deus. A morte de Jesus criou um buraco em suas vidas. Naquela situação a morte encontrou espaço e dançou uma valsa no corpo, na mente e no espírito dos discípulos. Porém, a ressurreição de Jesus acabou com a festa da morte. O Evangelho de João relata: “… Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco!” (Jo 20.20-21). Os discípulos imediatamente ficaram alegres. A ressurreição de Jesus e a sua paz despertaram neles a vida. O tesouro da esperança, certezas de vida os envolveram. Jesus disse-lhes outra vez: A Paz seja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também lhes envio. Recebei o Espírito Santo. Que cenas maravilhosas. Interpreto que Jesus disse assim: Vamos, levantem. Saiam dessa casa. Comecem a viver. Recebam a paz. Eu estarei com vocês. Não tenham medo. Levantem o rosto e vejam à frente o caminho da vida. Vamos semear. A morte está vencida. Pois é! Talvez não foi bem assim… Mas eu consigo imaginar uma cena semelhante a esta.


Com a paz de Cristo os discípulos foram ao mundo. Proclamaram o amor de Deus e deram testemunho da ressurreição, da vitória da vida. Encorajados e santificados com o Espírito Santo que Jesus soprou sobre eles semearam a paz e criaram comunidades cristãs que partilhavam as cargas uns dos outros, que se alegravam e choravam juntos, repartiam o pão e praticavam o amor, os mandamentos de Deus. Faziam boas obras, eram do bem. Comunidades sinais de vida entre os destroços da morte.


Vivemos um tempo em que as pessoas estão vazias. Não só os outros, nós mesmos estamos com um enorme buraco em nossas vidas. O ódio está perto de nós. Aquela morte vencida, mesmo derrotada está sendo cultivada. Parece que deu cacho e sementes. Não veio de Deus. Mas, encontrou lugar no coração, na mente e no espírito das pessoas, também em nossas vidas. O fantasma da morte está bem perto, na rua, nas casas, na escola, nas igrejas. Em algumas cidades ela é tão forte que exala odores que se confundem com perfumes sedutores.


Por quê tantos conflitos, falta de compreensão e de diálogo, violência, fome, separações e perseguições? Em casa, na família, nas escolas, no trabalho e no lazer não mais é possível falar livremente da realidade e da situação injusta e pecadora, do cenário vazio  em que vivemos. Há divisões e opiniões contraditórias. O herói de cada um é diferente e divergente. E o teor da conversa, das reflexões derrapam para o julgamento, para o dualismo do certo e do errado, feio e bonito, branco e vermelho. O tribunal humano encarnado nas mentes e espírito das pessoas ganha honra de condenar os errados e limpar o mundo. Confunde o comportamento dos simples, das pessoas de bem, daquelas e daqueles que buscam a paz. E passa longe das descobertas bíblicas de Martim Lutero no século dezesseis (Estamos no século vinte e um).


Aprendemos dos debates da Reforma que todas as pessoas justas são também pecadoras e todas as pessoas pecadoras, pela fé, recebem a graça de Deus e podem ser justas. Recebem a justificação de Deus e nascem de novo. No catecismo menor, Martim Lutero ensina "que no batismo ganhamos um banho de novo nascimento no Espírito Santo”.  Não somos pessoas perdidas. Deus nos adotou para uma nova vida. Mesmo errados somos resgatados. Portanto, nós não conseguimos ser deuses de nós mesmos, muito menos deuses das outras pessoas. Nos relatos do evangelho Jesus conta a história do Joio e do trigo. O dono da plantação proíbe aos seus empregados  separarem o joio do trigo antes da colheita ( Mt 13.24-30). No sermão da montanha Jesus afirmou: “Não julguem, para que vocês não sejam julgados" (Mt 7.1s). A palavra do apóstolo Paulo também é contundente: “… Você que julga os outros é indesculpável…” (Rm 2.1-3). O caminho para o tribunal humano é tortuoso e cultiva os fantasmas da morte.


Neste triste cenário do nosso tempo as pessoas estão confusas. Na confusão, nós e elas, gostamos de verdades humanas e não damos muita atenção às verdades de Deus. Criamos os nossos mandamentos e esquecemos os mandamentos  de Deus. Para ilustrar essa confusão perigosa descrevo uma história antiga, certamente você já a ouviu. Mas, parece ser um conto pós moderno. Um casal saiu para a vila. Foram comprar algumas coisas para a casa. Levaram o burrinho. O caminho era longo. No início da viagem o homem montou no burrinho e a mulher foi caminhando ao lado. As primeiras pessoas que cruzaram por eles comentaram: porque você não deixa a mulher ir montada no burro e você vai caminhando? Tímidos, nem responderam. Depois de uns 50 metros trocaram de posição. Novos transeuntes comentaram: Que homem burro. Ele deveria estar montado no burrinho e não a sua mulher. Esses comentários confundiram o casal. Em seguida os dois montaram no burro. E novos caminhantes, já próximos da vila gritaram: Vocês dois não tem dó do burrinho? Indignados o casal desceu e passou a caminhar ao lado do burrinho. Mais alguns metros depois outros comentaram: esses dois não estão bem da cabeça, porque pelo menos um deles deveria estar montado no burro. Chegaram na vila cansados, aborrecidos e confusos. Aqui não posso relatar, mas afetados pela situação, irritados, participaram de discussões perigosas no armazém da vila. Outros contam que, com ódio, voltaram para casa sem comprar nada.


Desorientados, confusos, vazios e prontos para a briga precisamos dar passos em caminhos que nos levam para a paz. A nossa saída nesse tempo ruim é buscar a paz. Somente a paz que vem de Jesus Cristo tem o poder de preencher o nosso vazio e afastar de nós os fantasmas da morte. Buscar a paz de Cristo para a nossa casa, corpo, mente e espírito. Precisamos da verdadeira alegria para viver. Assim como aconteceu com os discípulos, ao receberem a paz, nós também precisamos levantar as cabeças, sair das nossas tocas e com liberdade ir ao mundo e fazer o bem. Revestidos da paz, certos da graça, do amor e misericórdia de Deus, cheios de esperança, precisamos criar comunidades. Se já a temos, precisamos nos envolver na vida comunitária de fé e nos encantar e encantar aos outros da comunidade com a paz de Cristo.


Em nosso tempo, no cenário do vazio, a Igreja e nós estamos chamados para buscar e semear a paz, para participar em comunhão com Deus dos sinais da ressurreição de Jesus Cristo, da vida que venceu a morte. A ação salvadora de Deus e o Espírito Santo nos empurra para viver e semear a paz, falar da vontade, da liberdade e da justiça de Deus.


Convido você leitor, vamos fazer alguma coisa, buscar a paz e no caminho viver com os pedaços da paz que vem chegando, ocupando o nosso vazio e nos tornando mais fortes para construir entre os destroços da morte espaços de graça, de esperança, de cuidados e de comunhão. Permita que a paz de Cristo transforme você em uma pessoa livre da morte. Vamos juntos perguntar para a morte, tal como o profeta Oseias pergunto e foi citado pelo apóstolo Paulo: E aí ó morte, onde está o teu aguilhão, a tua vitória? (Oseias 13.14). A morte foi vencida (1 Co 15.54ss).


Escrevi tanto, contei história e fiz comparações para ajudar você, leitor, a se convencer que o caminho mais precioso é aquele que te conduz à paz. Esse é o caminho de Jesus Cristo. Nele encontramos a alegria para viver. Porque nele a morte não dança, nem valsa e nem hip hop. Nesse caminho da paz a vida faz a festa e prepara todas as pessoas, filhas e filhos de Deus, para participarem da missão de construir nesse mundo sinais concretos, vivos e maravilhosos, do novo que virá das mãos de Deus e será pleno.


23 de abril de 2020

Não acreditamos na morte

Isaías 25. 6-9
No monte Sião, o SENHOR Todo-Poderoso vai dar um banquete para todos os povos do mundo; nele haverá as melhores comidas e os vinhos mais finos.
E ali ele acabará com a nuvem de tristeza e de choro que cobre todas as nações.
O SENHOR Deus acabará para sempre com a morte. Ele enxugará as lágrimas dos olhos de todos e fará desaparecer do mundo inteiro a vergonha que o seu povo está passando. O SENHOR falou.
Naquele dia, todos dirão: —Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Ele é o SENHOR, e nós confiamos nele. Vamos cantar e nos alegrar porque ele nos socorreu.

Romanos 5.1-5
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2  por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3  E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
4  e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5  Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.

A Palavra de Isaías proclama a esperança em meio as ameaças de guerra, de morte, de derrotas.
Deus revelou ao povo, através dos lideres e dos profetas,  no tempo antes de Cristo, várias esperanças: A volta ao paraíso, o retorno do Rei Davi, e Isaias escreve sua visão sobre o BANQUETE DE TODOS OS POVOS, o fim do sofrimento, o fim da morte.
História, quando lida a partir da fé nos remete a esperança. As primeiras comunidades cristãs, orientadas pelos apóstolos de Jesus, revelam a esperança  que temos hoje: o Novo Céu e a Nova terra, onde habitará paz e justiça, onde não haverá lágrimas e mortes... Pela fé cremos que, por sinais, o Espírito Santo e a presença de Cristo antecipam pedacinhos desse céu e os instalam em nossa realidade. Em meio à morte podemos experimentar a graça da vida – mesmo que ainda não completa. 
É a graça de Deus que evita a morte entre nós, que nos chama para a comunhão, que cria em nós horizontes novos. E, pelo poder do Espírito Santo, instala a esperança, a perseverança, os sinais de amor e de superação.
As ações e gestos de paz e justiça de Deus na história fortalecem a nossa fé. Não temos medo do pecado e da morte, porque foram vencidos por Jesus Cristo na Cruz e na ressurreição.
Cremos no único Deus Pai e Filho e Espírito Santo. Nossos joelhos se dobram diante do nome de Cristo e hospedamos o Espírito Santo, desde o batismo.
Cremos no Deus Pai, Criador de todas as coisas. Tudo procede dele e está sob o seu misericordioso e salvador poder. Confiamos nossa vida e tudo o que temos em suas mãos.
Cremos em Jesus Cristo. O filho que procede do Pai Criador, que veio para a nossa realidade e nela instalou os sinais vivos do Reino de Deus. Ele nos encontrou em nosso pecado e morte e nos reconciliou com Deus a partir do sofrimento da cruz, venceu a morte e ressuscitou. O Deus que na fraqueza revelou a poder da nova vida. Cremos que ele continua presente entre nós, é Deus conosco, continua nos chamando para viver e para participar dos seus sinais da missão de paz e justiça. Ele nos chama para reconhecer os nossos pecados, para retirar as pedras das nossas mãos, arrepender-se e deixar-se nascer de novo. Ele proclamou que nem dinheiro, nem poder humano, nem sabedoria humana, nem honra e caráter – as coisas que pouco temos – podem nos salvar. Mas a nossa fé no seu amor e na sua graça.
Cremos no Espírito Santo.  Aquele que santifica todos nós pecadoras e pecadores. Aquele que tem o poder de transformar a nossa vida, de criar comunhão entre nós, apesar das nossas diferenças e dos nossos erros. Aquele que purifica tal como fogo, aquele que cria a fé em nós e, assim, cria comunidades de fé – a Igreja de Jesus Cristo visível e invisível. Cremos no Espírito Santo que faz novas todas as coisas e revela a eternidade.
Essa é a nossa fé. Assim cremos e confessamos.
Não acreditamos na morte, na vaidade humana. Não cremos nos poderes constituídos, eles passam. Cremos que a vocação da vida é a paz, a justiça, a comunhão, a dignidade, a alegria, a gratidão, a plenitude, o amor e a vida sem fim.
A palavra de Deus diz que Precisamos de humildade e  de criar em nós um espírito bom, despido de ódio, rancor, violência, vaidades e vingança. Assim nasce em nós o júbilo. Um espírito maravilhoso de gratidão, por nossa história recheada de testemunho, de esperança,  de perseverança. Até aqui nos trouxe Deus. E ele, com grande amor, permite nossa participação na sua missão no mundo.
O amor e a gratidão em nossos corações nos elevam para perto de Deus. Abrem os nossos olhos para ver Jesus Cristo entre nós, os seus sinais. Permite-nos receber do Espírito Santo o fortalecimento da nossa fé e da esperança num grande banquete, onde pela fé, o júbilo e a glória envolverão a todos e todas.

Não tenham medo da morte e dos seus poderes, mazelas e enganações. Porque Deus não nos abandonou. E  nao queremos ser abandonados por Ele. Ele confia em nós e nos convida para fazer história, participar dos seus sinais.

Educação pela paz

 “Jesus disse para Tomé: Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!" João 20.29

O desafio da comunhão com Deus é a fé. As pessoas cristãs e as comunidades cristãs somente pela fé conseguem perceber a presença de Deus no mundo, crer na ressurreição e apropriarem-se da paz que procede da comunhão com Deus e da confiança na sua participação nos sinais do Reino de Deus presentes em seu contexto e no mundo. O Desafio é crer sem ver fisicamente o Cristo de Deus, que se encontrou com nossa realidade de morte e de cruz e venceu a morte através da sua ressurreição.

Conhecemos a teologia do reformador Martim Lutero, e sabemos que ele proclamou a fé, desde o Batismo, como dádiva que reconcilia o ser humano com Deus e restabelece a reconciliação a comunhão, a santificação. Assim sendo a fé resgata a dignidade e responsabilidade humana com a vida. Cada um, cada uma, passa a ser protagonista da resistência à morte e à defesa da vida digna e plena.

Em nossos dias, educar para a paz é o desafio da educação voltada para crianças, adolescente e jovem.  A paz não conflita com a dimensão da fé. A educação para a paz assume o lugar de uma espécie de pano de fundo, um ninho, que abriga os conteúdos e valores da educação.  A educação para a paz contribui para formação integral do ser humano. E o prepara para viver na realidade resistente as propostas e valores da escravidão. A Educação para a Paz desperta a visão propositiva do presente e do futuro, facilitando e fortalecendo a inserção na construção da vida com dignidade, esperança e fé. 

Podemos, pela fé e em comunhão com Deus, o Deus da paz, que em Cristo ressuscitou, gestar escolas, projetos de educação que preparam crianças, adolescentes e jovens para viverem no mundo com dignidade, que dialogam com a pluralidade,  que não se deixam escravizar pelas  contradições, ameaças, violências e forças da morte.

Que a paz do Senhor seja com todos nós. Amém.

O Espírito Santo cria reconciliação

Reflexão:
(baseado nos itens 9 a 12 do texto-base do tema do ano,"No poder do Espírito proclamamos reconciliação", elaborado pelo Pastor Dr.  Walter Altmann)

O Espírito nos ajuda a entender o anúncio da verdade que liberta e salva (João 8.32; 16.13). Ele nos abre ouvidos, mente e coração para as dores deste mundo. Ele nos ensina a andar nos passos do Filho de Deus, a andar no Espírito, como escreveu o apóstolo Paulo.

Aprendemos do Espírito Santo a ser pessoas alegres, a viver em paz com as outras pessoas, a sempre falar bem delas; aprendemos a ser gente em quem se pode confiar, aprendemos a ter domínio próprio, a não fraquejar quando as adversidades da vida se abatem sobre nós, a manter sempre viva a chama da esperança. É isto: o Espírito faz de nós pessoas livres que sabem semear esperança e fé no meio onde vivemos e servimos. 

 Mas o Espírito de Deus faz algo que é essencial no mundo de hoje. Ele restabelece laços rompidos, o que na linguagem bíblica se chama reconciliação. Deus reconciliou consigo mesmo toda a humanidade por meio de Jesus, seu Filho, nosso Senhor (2 Co 5.18). Quer dizer, se havia uma inimizade entre nós e Deus, ele fez uma ponte até nós para reatar as relações rompidas. Jesus é a ponte que nos une novamente ao Deus Criador. Por isto nós o chamamos de Salvador. Porque ele reatou a nossa estreita e íntima amizade com Deus. Prevaleceu o amor de Deus por nós. Esta reconciliação é algo tremendo, que muda a nossa vida e a face do mundo.

No fim de sua vida, já no leito de morte, Lutero afirmou: “Somos mendigos [da palavra de Deus]; esta é que é a verdade.”  Necessitamos da ação do Espírito Santo em nós. A medida da fé é sempre – e exclusivamente – a ação do Espírito de Deus que atua em nós, que liberta e reconcilia a nós e ao mundo consigo mesmo. E ele age, como dizem a Escritura e as confissões luteranas, “onde e quando lhe apraz” (CA, artigo 5; cf. João 3.8). Ele é livre em sua ação, mas sua ação é sempre maravilhosa.

Somos testemunhas desta ação maravilhosa do Espírito de Deus. Somos testemunhas da missão de Deus e não podemos negar o convite para dela participar. “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. 

13 de março de 2020

Viver o Batismo

O tema do ano, "Viver o Batismo" resgata em nós a certeza de que somos filhas e filhos de Deus. No batismo vem a nós o Espírito Santo. Em nós ele faz morada e nos ajuda a ficar perto de Deus. Faz bem  e nos dá paz viver as alegrias e tristezas de cada dia em comunhão com Deus.

Hoje e sempre precisamos do sopro do Espírito Santo, que cria poder e coragem para viver. Com ele ganhamos a fé para proclamar a salvação de Jesus Cristo, o amor de Deus.

"O Espírito que Deus nos deu não nos torna medrosos; pelo contrário, o Espírito nos enche de poder e de amor e nos torna prudentes.” 2 Timóteo 1.7

Essa ação de Deus é grandiosa. Não é possível viver essa dádiva individualmente. Ela é vento que anima e cria comunhão.  Cria diálogos, comportamentos e movimentos que dão expressão à vontade criadora e salvadora de Deus.  E, ao mesmo tempo, denuncia as obras malignas que causam a destruição, a violência contra as crianças, jovens, mulheres e idosos. Aponta para as obras da morte.

A comunidade das filhas e filhos de Deus que vivem o batismo sinaliza o vigor da vida plena. Prova que é possível nascer de novo. Revela que na comunidade o Espírito Santo sopra fôlego e cria poder e forças para ajudar, consolar, ensinar, cuidar e construir pontes para o novo que já esperamos.

A comunidade das pessoas que vivem o batismo recebe o dom de servir e transformar. Prepara tudo o que é necessário para acolher com amor crianças, jovens, mulheres e homens, aqueles e aquelas que ainda não desistiram da paz, da vida e de Deus.


Você vive o seu batismo e participa da comunidade? Conhece essa ação maravilhosa de Deus no mundo? Leve para a sua comunidade o seu coração, a sua voz, mãos e pés.  Não guarde seu talento, tempo, dádivas e experiências vivas. Encontre lá um cantinho para partilhar suas dores, medos, perdas, danos e pecados. E, assim, participe dos sinais da presença de Deus entre nós e na Criação.

Gálatas 5.25-6.10 - Plantar e colher o bem

Gálatas 5.25-6.10 Conforme João 6.68, Pedro diz a Jesus que Ele tem a palavra da vida eterna. Não tem outro a ser seguido. Pedro pergunta a...