Mateus 9.36-38
Em Jesus Cristo, Deus se encontra com uma multidão sem guia, sem rumo, sem caminho. Certamente os integrantes da multidão conheciam muitas verdades e propostas para a vida.
Para ser multidão não tinham identidades fortes, tradições e passados, histórias que valesse a pena contar. Da mesma forma, não ouviam falar de nenhuma proposta consistente para o futuro. O que restava era viver cada dia, não esperar muito, não confiar e nem crer muito.
Uma multidão formada pela falta de condições para trabalhar, para se sustentar, para buscar algo novo que desse sentido para a vida, para ser e receber dignidade, solidariedade, cuidado, cura e amor.
No êxodo, antes de entrar na terra prometida uma crise levou Moisés a subir ao monte e buscar os mandamentos. Na ausência de Deus a multidão criou o seu próprio Deus, o bezerro de ouro. Era preciso de algo para acreditar e de quem buscar poder.
Na crise, as 12 tribos, antes do Estado de Israel, optaram pelo exército, pelo reinado, mesmo sem a autorização de Samuel, mesmo que sabiam que os governantes originavam-se dos espinheiros (Jz 9), porque as outras árvores tinham muito para fazer.
No exílio se dispersaram, transformaram-se em multidão. Perderam suas tradições e o projeto para voltar para casa; viveram sem o Messias; sentiam a ausência de Deus e da vida digna, segura, com fundamento, ancorada na ação salvadora de Deus. Foram alertados pelos profetas, que não conseguiram efeito. Foram negados e martirizados.
Quando Deus veio ao mundo em Jesus Cristo, quando o Verbo se fez carne, o mundo era plural, politicamente controlado. Uns tornaram-se indiferentes, outros formaram grupos, outros tornaram-se messiânicos, e outros aceitaram a proposta de viver em comunidades.
Em nosso tempo, em nossas vilas e cidades, nas comunidades estamos dispersos e fragilizados, expostos aos perigos. Sedentos e famintos de explicações e de propostas para a vida. Ao ponto de topar qualquer coisa que traga prazer, alegria, sensação de vitória.
Nessa situação dominadora anulam o passado como referência e não se arriscam a construir esperança, esperar algo novo, esperar para depois receber. A sede é imediata, a sensação é que nada poderá ficar para amanhã.
Onde está o rosto de Deus ?
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