13 de novembro de 2017

Agora são outros 500

Quando Jesus disse: Eu sou o Caminho e a verdade e a vida; Eu sou a luz do mundo, o pão vivo que desceu do céu, a água que mata a sede para sempre, não tenham medo dos que matam o corpo, felizes os misericordiosos, felizes os que tem fome e sede de justiça, onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu coração. Quando Ele afirmou: Eu venci a morte; eu lhes dou a paz!  Muitos que ouviam jesus devem ter cochichado assim: “Agora são outros 500!”

Quando o Apóstolo Paulo escreveu para a comunidade em Roma: ... o mundo inteiro ouve falar sobre a fé que vocês têm...; ... o evangelho é poder de Deus para salvar todos os que creem...; ... o evangelho mostra que Deus nos aceita por meio da fé – O justo viverá por fé! Nós que somos fortes devemos ajudar os fracos a carregarem as suas cargas e não devemos agradar a nós mesmos. Não há nenhuma condenação para as pessoas que estão unidas em Cristo.... Certamente alguns da comunidade, depois de ouvirem a leitura e os comentários sobre a carta que receberam de Paulo comentaram assim: “Agora são outros 500! ”

Se uma criança tinha uma mochila velha, já rasgada, e ganhou uma nova. Ela, depois de olhar e usar a nova mochila, surpresa, vai dizer: que mochila bonita, boa... “Agora são outros 500! ” Se uma pessoa ganhou no dia do seu aniversário uma camisa nova, ao vesti-la, olha no espelho, se ajeita e, com graça, afirma: “Agora são outros 500! ”

Afirmamos que Jesus trouxe a salvação ao mundo, e agora são outros 500. As pessoas viram e ouviram coisas extraordinárias.  As primeiras comunidades cristãs, numa realidade injusta e ameaçadora, adversa à vontade de Deus, ouviram a proclamação do amor de Deus, revelado em Jesus Cristo. Pessoas foram transformadas, comunidades cristãs nasceram, vidas foram salvas.  Tudo isso foi “outros 500. ” Algo novo e maravilhoso passou a acontecer em vilas e cidades.  E os ouvintes do evangelho que praticavam a fé percebiam: “Agora são outros 500! ”

Parece estranho, mas com liberdade podemos anexar mais esse significado à frase que desperta compromisso nas celebrações e reflexões dos 500 anos da reforma: “agora são outros 500”.

A nossa história está marcada, moldada e colorida, com os sinais do novo e extraordinário que veio ao mundo pela ação salvadora de Deus, realizada em Jesus Cristo.

Há 500 anos atrás, algo novo e surpreendente também aconteceu. Martim Lutero e a reforma varreram e lavaram muitas coisas velhas da Igreja. Novidades boas surgiram. Num mundo e numa realidade sedentas de mudanças, ávidas pela ação misericordiosa e da bênção de Deus, as lideranças do império, da igreja e o povo conheceram as 95 teses de Martim Lutero. Ele anunciou que 95 coisas precisavam mudar na Igreja. Denunciou o clero e as lideranças que comercializavam a graça e o amor de Deus. A igreja precisava de uma reforma. A firmeza de Martim Lutero, as dúvidas e o sofrimento do povo, somadas à situação da igreja cheia de divisões e de erros, perdida e afastada da sua missão de anunciar o evangelho de Jesus Cristo fez surgir um novo movimento com novidade de vida. A ação nova de Martim Lutero chamou para o retorno à obra salvadora de Deus, realizada em Jesus Cristo. Fundamentou o grito por mudança na necessidade da igreja grudar somente em Cristo, na Escritura Sagrada, na Bíblia, na Fé e na Graça.

Em poucos anos muitas coisas mudaram. A Bíblia foi traduzida para a língua alemã. Tornou-se conhecida pelo povo de Deus. As famílias receberam o catecismo, escrito por Lutero, para ensinar os conteúdos da fé aos filhos e às famílias. Conheceram os mandamentos de Deus, as orações da Igreja, os sacramentos do batismo e da Santa Ceia e a importância da confissão dos pecados. Aos poucos os cultos ganharam uma nova liturgia e novos hinos, e a Bíblia passou a ser estudada. Aprenderam sobre a liberdade, sobre a comunhão com Deus, através de Jesus Cristo. As lideranças da Reforma prepararam uma nova Confissão – A Confissão de Augsburgo. Tornou-se necessário esclarecer os motivos das mudanças e a nova vida das comunidades de fé.  

As comunidades que aderiram as mudanças da Reforma viveram e testemunharam coisas novas e surpreendentes. Certamente alguns comentavam: “Agora são outros 500! ”

Os fatos da história revelam momentos extraordinários que são verdadeiramente “outros 500”.  Quando os primeiros imigrantes Evangélicos luteranos chegaram ao Brasil trouxeram consigo o seu jeito de viver a fé em Jesus Cristo: Bíblia, hinário, catecismo, tradições, conhecimentos sobre o culto, o entendimento e a prática dos sacramentos e ofícios da Igreja. A realidade brasileira era perversa. Não encontraram recursos para sobreviverem com dignidade. E, ainda, a sua identidade cristã não foi considerada. A religião oficial da nova terra era a Católica Romana. As suas formas, liturgias e tradições de fé não podiam ser praticadas. Igrejas não podiam ser construídas. Nessa nova realidade os imigrantes começaram a se organizar e resistir. Construíram escolas, nas suas casas reuniram-se para orar, cantar, ler e estudar a Bíblia. Sabiam que era preciso somente a escritura sagrada, Jesus Cristo, a fé e a graça de Deus.

Em meio aos medos, contradições e perigos, doenças e fatalidades, saudade de parentes e da terra natal resistiram e organizaram comunidades de fé. Logo descobriram que com a fé e esperança, unidos em comunidades, em comunhão uns com os outros e com Deus, educando os filhos e filhas, cuidando dos valores da justiça e da paz a novidade de vida poderia ser vista. Tempos depois certamente alguns já afirmavam: “Agora são outros 500!”.

Hoje vivemos num mundo ruim e ameaçador, onde vale a esperteza, o lucro, a louca beleza, a vaidade, o sucesso, a corrupção, o roubo, a mentira, a violência, o ódio e a discriminação de pessoas, onde a maioria está possuída por valores e interesses brutais e cruéis, que matam, que intoxicam, que separam comunidade e famílias... completem essa frase. Está faltando mais palavras para descrever o que se passa em nosso contexto, no país e no mundo.

Nesta realidade, nós cristãos evangélicos luteranos, guiados por Cristo que apostou no amor mesmo na cruz, orientados pela Palavra de Deus, com fé e libertados, sob a graça de Deus somos chamados para testemunhar a novidade de vida, fazer a diferença, participar do movimento de mudanças e transformação. “Agora são outros 500! ”. 

Apostamos na misericórdia e na bênção de Deus. Construímos comunidades, vivemos em fé e esperança, praticamos os sacramentos, cuidamos das nossas crianças, cantamos com instrumentos e em coro, louvamos a Deus, ensinamos os conteúdos da fé aos nossos adolescentes e jovens, criamos grupos de mulheres e homens, acompanhamos os doentes e enlutados, agimos e incidimos na realidade através de instituições, fundações e por meio de ações simples de Diaconia, que têm o poder da profecia e o gosto da novidade de vida. Nessa realidade vemos e percebemos que a nossa participação na comunidade, a nossa fidelidade, como filhos e filhas de Deus são outros 500.

Esta é a nossa vocação, aceitos por Deus pela fé somos colocados na missão de Deus nesse mundo para fazer a diferença, criar sinais de vida e anunciar a vontade de Deus de transformar os seus inimigos em seus amigos. Nossa vida, nossa vida comunitária de fé, tudo o que fazemos em nome de Deus é para chamar mais pessoas para viverem em liberdade. Podemos proclamar a elas o evangelho e clamar para pararem de cultuar a morte, de manipular a palavra de Deus, de acreditar em valores e poderes escravizam e matam.  


Nos próximos 500 anos buscaremos, com a ação do Espírito Santo, pela proclamação do evangelho encantar pessoas com a vida, com o amor, com a dignidade e a liberdade, com a comunhão com Deus em simplicidade. Isso é algo extraordinário, “são outros 500!”

O Encanto da Liturgia

Certo de controvérsias, afirmo que a liturgia é um encanto. Ela dá forma, organiza e movimenta a comunidade durante o culto na presença de Deus. Facilita a comunidade a ouvir a voz de Deus, sua palavra, e a perceber a sua presença curadora e transformadora.

A liturgia é um serviço, ordem e movimento, que leva indivíduos e comunidades para perto de Deus. Organiza o culto de tal forma que cada participante perceba e construa comunhão com quem está ao seu lado e com Deus, ali presente. Facilita a percepção daquilo que não se pode ver e presenteia aos participantes a comunhão.  

A liturgia carrega tradições, conteúdos, identidade teológica e eclesial. Também agrega experiências e percepções da vida e do quotidiano da comunidade. A liturgia tem memória e, ao mesmo tempo exige a graça e as ações do tempo presente, do momento. Por isso ela não é somente forma, mas também movimento que conjuga necessidades, louvor, adoração, clamores e gratidão de indivíduos e grupos comunitários na interação com o todo da comunidade, da sua história e identidade.

A maioria das críticas à liturgia vem de pessoas que não conhecem o seu encanto e o seu serviço, ou que rechaçam a dimensão comunitária do testemunho e da vida de fé. Também há resistência à liturgia de lideranças, ministros e ministras que tem preguiça, ou se auto elegem donos da história, dos conteúdos de fé, das tradições, da comunidade e da igreja. E, portanto, impedem que a liturgia organize, despersonalize e amplie o seu discurso, sua preparação, comunicação e o conteúdo do seu exercício ministerial.

Estou convencido da importância e da beleza da liturgia. Estou certo de que somos convidados a permitir que a liturgia nos conduza para perto do nosso maravilhoso Deus que serve, cura, consola e salva.


24 de outubro de 2017

Bênção

Quando vamos ao culto recebemos a bênção de Deus. Retornamos ao caminho do dia a dia sob o olhar de Deus, envoltos com a sua paz e a sua misericórdia. A bênção é parte da liturgia de despedida, quando ao final do culto, a pastora ou o pastor, a partir do altar impõe as mãos em direção a comunidade e profere palavras de bênção. É uma oração que anuncia e, ao mesmo tempo, roga a Deus bênção: misericórdia, paz, e o olhar de Deus que ilumina e marca as pessoas com o seu cuidado e amor. A bênção está presente nas celebrações, no sacramento do batismo, nos ofícios da confirmação, do matrimônio e de bodas, nas despedidas e nas visitas aos enfermos.
Deus orientou a Moises para ensinar a Aarão como abençoar o povo (Números 6.22-27. Os sacerdotes cantavam a bênção no templo com alegria e confiança, dádiva gratuita de Deus, independente de merecimentos. Jesus encontrou os discípulos com medo, após a morte de cruz e a ressurreição e anunciou a eles a paz. A presença, o amor e a misericórdia de Deus tornam-se visíveis na bênção, que marca as pessoas com a proteção e a paz.
Quando eu era adolescente ouvia da minha mãe: ”aquela pessoa está com o capeta no coro” (na pele). Ela se referia às pessoas violentas, injustas, perigosas. Não é errado afirmar que em nossos dias há muitas pessoas com o “coro” contaminado. Por outro lado, é correto dizer que milhares de pessoas participam das comunidades de Jesus Cristo, vão aos cultos, recebem os ofícios da vida comunitária de fé, e vivem sob a bênção de Deus. Dias e noites caminham, resistem aos poderes do mal e às injustiças, e participam da construção da paz.

 Aarão aprendeu a abençoar o povo que caminhava no deserto, numa situação de provisoriedade, necessidade, medo e insegurança. Nosso tempo hoje é de crise. Tudo parece frágil e perigoso. Vivemos entre as pessoas que adoram o mal, as injustiças, o poder injusto, a discriminação. Nesta realidade necessitamos da bênção de Deus, anunciada e rogado na liturgia final do culto. Queremos viver abençoados, com coragem, com esperança, com sede de fé e de paz, marcados pelo olhar de Deus.

28 de julho de 2017

Doar com generosidade

“Ao que muito pegou, nada sobrou; ao que pegou pouco, nada faltou!” (Êx.16.18)

A partilha generosa de bens e de cuidados, exercida com amor, é missionária. Ela comunica Deus, comunica misericórdia, expressa amor. A solidariedade cristã é profundamente espiritual. Sempre surpreendente é mensageira de novidade de vida. Ela é missionária.
Para o apóstolo Paulo a doação de bens e de dinheiro aos necessitados é uma ação espiritual, uma revelação da graça de Deus (2 Co 8.1). Ele envolveu-se em duas grandes campanhas de arrecadação de auxílio aos pobres em Jerusalém (Atos 11 e 2 Coríntios 8-9). Ao motivar as doações na comunidade de Corinto, na campanha em favor dos cristãos em Jerusalém (8.1ss), ele cita a partilha das comunidades pobres da Macedônia em favor dos cristãos da Judéia: “embora sendo muito pobres, deram as suas ofertas com grande generosidade” (8.2). As doações tornaram-se testemunhas da graça e da ação transformadora de Deus.
O Imperador Juliano (361-363), que negou o cristianismo, embora batizado e educado na fé cristã, naquela época constatou (Epístula as Arsacium) que a prática cristã, baseada na solidariedade e no cuidado com os necessitados, promovia o cristianismo em seu Império com maior eficácia do que as outras religiões.
Nesta reflexão é bom incluir afirmações do Reformador Martin Luther: “Se cada qual servisse ao seu próximo, o mundo inteiro se encheria de adoração a Deus”. “Tanto o sujeito que trabalha no curral como o menino que estuda na escola servem a Deus”.
O Reformador concebeu a presença incondicional de Deus na diaconia, na solidariedade, no amor ao próximo. É surpreendente e abençoada a compreensão teológica daquela época de que o quotidiano das pessoas, vivido com ética e dignidade, é serviço a Deus.
Entretanto, já ouve o tempo (combate ao iluminismo) em que muitas Igrejas pregavam a participação humana na construção de um mundo mais justo e digno como uma concorrência à glória de Deus, à ação transformadora de Deus. Deus e os seres humanos eram vistos como rivais. A ação generosa e ética dos seres humanos não tinha valor, ameaçava o crédito salvador de Deus. Ainda hoje, em alguns segmentos da atual prática cristã essa compreensão, deslocada de seu contexto histórico, persiste como pano de fundo dos conteúdos da fé e como paradigma da missão.
Compreende-se, portanto, pela revelação da Palavra de Deus, que a participação humana na obra salvífica de Deus, através da partilha e da solidariedade, resgata uma das dimensões da justificação, da reconciliação de Deus com o ser humano, que o torna parceiro e sujeito no cuidado com a criação e com as criaturas, na construção da história com relações humanas justas e transformadas. Assim como os discípulos foram vocacionados para participarem da missão de Jesus (tornaram-se pescadores de vidas humanas), a missão de Deus hoje inclui os seres humanos dispostos a amar, a partilhar e a crer na vida.
Essa missão, feita de amor e de doação, vida partilhada em comunidade – Corpo de Cristo, liberta a miséria humana, o pecado da desigualdade, da injustiça, da indiferença e do rompimento com a comunhão com Deus. Essa missão questiona a injustiça estrutural, social e pessoal, a desigualdade, a destruição dos meios de vida. È profética. Denuncia as grandes estruturas e mecanismos da morte e anuncia a construção da vida, através da solidariedade e da partilha de bens e de dons, feitas de ações e de relações humanas quotidianas, comunitárias, familiares, simples, sensíveis e inclusiva. A Palavra de Deus revela que essa missão é como a menor das sementes, é como fermento, é um banquete, uma festa de vida inclusiva.
Essa missão é feita de grandes e de pequenos gestos, que inclui a nossa humanidade, nossos dons, possibilidades transformadoras e também a nossa fraqueza, os nossos limites. Para viabilizar a missão com a nossa participação, Jesus Cristo trouxe ao mundo os atributos do seu reino: o batismo, o perdão, a graça, a cura, a comunhão, a oração, a bênção, a paz, a liberdade, a possibilidade de nascer de novo, a inclusão das crianças, dos pequenos e dos que nada são. Os pecadores, as pecadoras, os fracos e os  pequenos agora participam. A viúva pobre participou com o que não tinha (Lc 21.1-4). Ao que pegou pouco nada faltou.
Através da doação e da partilha, do amor e da solidariedade, não somos somente o alvo da missão, da ação transformadora de Deus. Participamos dela, como vidas vocacionadas para interagirem com a revelação da graça de Deus, uma experiência singular, sagrada e libertadora.
Em meio à pluralidade religiosa, tocados pela diversidade e contradições das comunidades e igreja cristãs, entre tantas incertezas diante das diferentes doutrinas, da retórica e dos conteúdos da fé, diante das inúmeras práticas da espiritualidade, um paradigma é inquestionável: a doação com generosidade; a partilha de bens, de valores e de dons; a solidariedade.
A partir desta reflexão, concluímos que as doações em dinheiro, de bens e de dons, também a participação na comunidade de fé são missionárias.  A missão resulta da participação, de doações generosas, de dons, de trabalho e de dedicação de muitos. Elas transformam vidas. Revelam a graça e a misericórdia de Deus. Envolvem os próprios beneficiados pelas ações, na missão de transformar seres humanos, estruturas familiares e sociais; na missão de salvar vidas do ódio, do sofrimento, da injustiça, da fome, da violência e da morte.

Guilherme Lieven

24 de março de 2017

Os sinos dobram

São vários os sinais dos sinos. Passou a ser usado no século quarto para ajudar as aldeias e as comunidades cristãs com os seus sinais. É um instrumento de percussão, feito de bronze. O seu nome vem do latim e significa sinal. O maior sino de bronze se encontra na cidade de Moscou, capital da Rússia.
Os sinais dos sinos são litúrgicos. Sinais que ajudam as pessoas e comunidades a se sintonizarem com os serviços de Deus. Eles dobram para convidar para os cultos. Também, em algumas vilas e cidades, são usados para sinalizar as 6 horas da manhã e as 6 horas da tarde. Muitas comunidades da IECLB, ainda hoje, bate o sino no momento da oração do Pai Nosso durante a celebração da Santa Ceia. O som dos sinos é inconfundível, e nos lembra da presença e dádivas de Deus, consequentemente, dos nossos compromissos com a vida de fé em Jesus Cristo. “Louvai da Deus com címbalos sonoros; com címbalos retumbantes. ” (Sl 150.5)
Os sinos são mensageiros, usados também para anunciar outros ritos, tais como, a Bênção Matrimonial, falecimento de pessoas, celebrações especiais e alertas para perigos de ordem civil ou natural. Os sinos anunciam momentos alegres, feriados, tempo de paz, de tristeza, de despedidas e de solidariedade nos tempos difíceis. Eles fazem parte da nossa vida e da vida de muitas cidades no mundo.
Temos motivos para lamentar quando pessoas ou grupos de pessoas entram na justiça para silenciar os sinos dos templos cristãos. Desconhecem ou desligam-se das tradições sagradas dos povos e da religião cristã.
Lamentamos também quando os sinos, já instalados nos templos das nossas comunidades são abandonados, malcuidados, ou quando os que os tocam não são devidamente valorizados. Afinal, tocar o sino também é uma arte.

Damos graças por todas as pessoas e comunidades que, com gratidão, cuidam dos sinos e reconhecem os seus sinais sagrados.

15 de fevereiro de 2017

Romanos 8.12-25


Deus está entre nós e na Criação

IntroduçãoNum contexto de dúvidas e desconfianças sobre o poder e a salvação de Deus, que não se podem ver, os textos indicados para o 7º Domingo após Pentecostes, em destaque Romanos 8.12-25, presenteiam a revelação do Deus que nos adotam como filhos e filhas. Quando quase todas e todos experimentam uma certa “tonteira”, um vazio, a falta de clareza sobre a presença de Deus e da sua ação salvadora, chega uma mensagem de confiança e esperança no Deus único, o Princípio e o Fim, que revela o que há de vir e cumpre as suas promessas. Aquele Deus que, através do Espírito Santo, sustenta o viver na provisoriedade neste mundo, no limite da natureza humana, imperfeita.   Ainda não podemos ver a plenitude, a glória que virá. Conforme a Parábola do texto de Mateus 13, o “joio e o trigo” crescem juntos, e é preciso esperar com paciência a chegada da liberdade completa.
 O universo e a vida humana gemem, padecem. Em nossas cidades e comunidades convivemos com um vazio da fé, da esperança e do sentido maior da vida, a liberdade doada pelo Espírito Santo para participar na missão de Deus e na sua glória, plenitude de vida. Nesses contextos, ao mesmo tempo, subsiste a cultura religiosa desestabilizadora, despida de escatologia e da esperança na chegada da glória de Deus, a plenitude da vida que há de vir.

 Os textos do 7º Domingo após Pentecostes revelam a vontade de Deus de nos acompanhar e de nos cuidar, concedendo-nos dignidade para viver neste mundo com esperança. Essa mensagem é preciosa.

 Exegese:

O Apóstolo Paulo responde perguntas existenciais complexas e o seu fazer teológico edifica comunidades e aponta para o quérigma do evangelho. Denuncia o limite da natureza humana, o pecado. Posiciona-se sobre o limite da lei e anuncia a nova vida com o Espírito Santo e a doção de Deus, a ação salvadora realizada em Cristo na cruz e na ressurreição.

Com a carta aos romanos, Paulo se dirige às pessoas batizadas na cidade de Roma, tanto das comunidades judaicas como gregas. Os batizados, agora, estão com Deus, pela presença do Espírito Santo, através da obra salvadora realizada em Jesus Cristo. Não mais no seguimento a lei (baseada na aliança, no povo eleito) e na espera de uma intervenção messiânica de Deus. A lei foi substituída pela presença do Espírito Santo nas pessoas e pela adoção do Pai, tornando todas herdeiras da glória.

Para alguns exegetas, Romanos 8 é o centro da carta de Paulo, não por que ela foi estruturada em 16 capítulos, mas pelo seu conteúdo teológico. O texto, indicado para a mensagem, Rm 8.12-25 reúne os posicionamentos do apóstolo sobre a ação do Espírito Santo na vida das pessoas, superação da natureza humana, a consequente adoção de Deus; também a dimensão do Universo, a esperança e a gloriosa liberdade que virá, ou seja, a dimensão escatológica da ação salvadora de Deus.


Gálatas 5.25-6.10 - Plantar e colher o bem

Gálatas 5.25-6.10 Conforme João 6.68, Pedro diz a Jesus que Ele tem a palavra da vida eterna. Não tem outro a ser seguido. Pedro pergunta a...