Conheço algumas pessoas que não conseguem
superar problemas de relacionamento pessoal. Carregam consigo lembranças
horrorosas do passado. Mesmo quando envelhecem e necessitam da ajuda uns dos
outros as dificuldades de relacionamento permanecem. O tempo passou, a situação
é nova, mas a memória armazenou lembranças horrorosas. Esse bloqueio emocional,
esse oculto rancor, administrado ou negado por todas e todos, as impedem de
ajudar e amar incondicionalmente ao outro. Mesmo feridos ou envolvidos em uma
dinâmica social em que as mudanças são cotidianas e compulsórias, algumas
dimensões da sua emocionalidade permanece estáticas e embrutecidas.
O povo da Bíblia há centenas de anos antes de Cristo já testemunhavam
que esse tipo de memória o Deus libertador não mantém. Por isso oravam e
cantavam a Deus para Ele esquecer, não lavar em conta, seus pecados, erros e
loucuras.
- Não te lembres dos pecados da minha
mocidade, nem das minhas transgressões; mas segundo a tua misericórdia,
lembra-te de mim, por tua bondade, SENHOR. Salmos 25.7
- Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo
as nossas iniqüidades. Salmo 103.10
Essa sabedoria e essa fé dão motivos para júbilo e esperança. Cremos no
Deus que, em Cristo Jesus, nos salvou e nos perdoou de todos os pecados. Essa
ação de Deus é graça, dádiva que transforma pessoas e realidades. Na escuridão
da morte a vida é semeada. Por Deus o porão da nossa humanidade é restaurado.
O testemunho do povo da Bíblia e a ação de Deus, pela força do Espírito
Santo, nos constrangem. Podemos pensar assim: Se Deus não leva em conta e nem
se lembra das nossas maldades, de onde recebemos legitimidade para fazer o
contrário com as pessoas? Por que guardamos na memória os erros dos outros? Por
que marcamos negativamente para sempre as pessoas com as quais relacionamos e
partilhamos a história? Concluímos: Esse jeito de ser e de viver não tem
sentido.
Com a memória carregada de lembranças horrorosas não acreditamos na
recuperação de presos. Não conseguimos manter o relacionamento conjugal.
Tardamos em ajudar irmãs e irmãos da família. Tornamo-nos indiferentes,
“passamos ao largo”, dos outros e das suas causas. Nossas lembranças e “experiências” imputam sempre motivos para a
condenação e exclusão.
Convido você para “zerar”, “anistiar” a sua memória das lembranças que
impedem a sua convivência com pessoas que fizeram e ainda fazem parte da sua
vida e história. Permita que a ação maravilhosa de Deus, assinalada acima,
toque você e sustente a sua atitude de mudança, de renascimento. A sua vida
poderá ser mais leve. A sua amizade e comunhão com Deu receberão novas cores,
brilhos, movimentos. Não é tarde para sua revisão de atitude.
Guilherme Lieven
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