Somos parte da Igreja de Jesus Cristo nas cidades do Brasil.
Através das comunidades da IECLB estamos presente em dezenas de médias e
grandes cidades. Ali somos testemunhas de Jesus Cristo, proclamamos o amor de
Deus e a sua presença entre nós, praticamos os sacramentos e somos
evangelizadores, missionários e diáconos. Há muitos anos Deus nos confiou a
graça de participar da sua missão nesses contextos. Essa vocação não é uma
novidade. Muitos nos antecederam nessa tarefa e esperança.
A Igreja na cidade torna-se
visível, imagem humana da presença de Deus, serviço da graça, através da
comunidade de fé. Ela reúne pessoas e famílias que, ao viverem a fé em Jesus
cristo testemunham a presença de Deus no quotidiano urbano. Pela graça e justificação
de Deus são comunidades vivas que integram e interagem com o movimento de vida
e morte presente na cidade. Essas pessoas e famílias, que formam as comunidades
de fé, carregam consigo os limites da sua condição humana, impactadas pelo
quotidiano na cidade. Nessa condição e situação de fragilidade optam em ser
Igreja de Jesus Cristo, em especial porque procuram algo novo, alternativo às
exigências do cotidiano, por terem sede de sentido e da comunhão com Deus. As
comunidades cristãs nas cidades são formadas por pessoas de Deus e do mundo (de
Deus). Recebem a santificação e vocação de Deus na sua condição humana, marcada
pelos limites, desafios e seduções do contexto urbano. As Comunidades cristãs,
formadas por pessoas da realidade urbana que se movimentam e interagem com poderes
e forças rompidas com Deus, recebem de Jesus o chamado, e do Espírito Santo o
carisma, para servir, acolher, despertar a paz com justiça, construir
esperança, revelar a fonte da vida e tornarem-se espaço livre e digno de sinais
do reino. Nesse contexto a comunhão com Deus também se transforma em movimento.
Onde os desafios da existência humana, as contradições e a simultaneidade da
presença da vida plena (de Deus) em meio à morte são imponentes e conduzem o
ritmo.
As pessoas que formam as
comunidades nas cidades carregam consigo as marcas e influencias da vida
urbana, onde tudo está em constante movimento.
Mesmo que a maioria observa códigos da urbanidade e aprendem a existir
na multidão, quase nada é amistoso. As disputas por espaço e pela sobrevivência
são constantes. O enorme fluxo de pessoas, o trânsito, a troca de mercadorias e
serviços, o vai e vem em busca pelas necessidades básicas, a dinâmica de
trabalho com suas privações e sacrifícios, a briga por espaços para a convivência
pacífica, as interações com a cultura, política, religião e estruturas de poder
formam a urbanidade humana. Ela hospeda o belo e o feio, o certo e errado, o
grande e pequeno, o forte e fraco, o justo e o pecado, a harmonia e a
desigualdade, a comunhão e a brutalidade, o indivíduo e a multidão, que se
misturam e tornam-se simultâneos ao ponto de fundirem. Aí está a Igreja de
Jesus Cristo invisível, em forma de comunidade humana visível, chamada para
servir na missão de Deus.
No território da cidade a
comunidade cristã se toma viva. Ao invés de contribuir somente para a cidade
ideal, humanamente sustentável, ela é também chamada para anunciar e,
simultaneamente viver, a plenitude da vida que transcende, no limite da
condição humana. Tal como o indivíduo na multidão a comunidade cristã interage
com a urbanidade e nela sinaliza a novidade, o que há de vir.
Destacamos, em tempo, que a
comunidade cristã na cidade não pode ter as características de um espaço para
abrigar fugitivos da realidade, da urbanidade. Lembramos aqui da cena bíblica
que retrata os discípulos, amedrontados, escondidos em uma casa após o
sepultamento de Jesus. A cena é interrompida por Jesus ao entrar naquela casa e
anunciar aos escondidos a sua paz. E a paz do ressurreto colocou todos em
movimento. A comunidade cristã na cidade tem a vocação de Jesus, a sua paz,
para movimentar-se e interagir, sem medo na realidade da simultaneidade, e ali anunciar
a presença do Deus Cruz e Ressurreição.