“Jesus Cristo diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14.6
É difícil conviver com o que é transitório. Pior ainda é descobrir-se
provisório. Como ser e viver sempre dependendo, sem o controle de tudo e dos
próprios passos? Como ser livre e feliz nessa condição, semelhante a uma eterna
criança? Será que a vida é um brinquedo?
Devido os limites da provisoriedade humana, percebida cognitivamente, é
comum encontrarmos pessoas que já fizeram muitas experiências religiosas e, por
isso, interagiram com uma diversidade de propostas e filosofias também espirituais.
Mesmo assim percebe-se nestas pessoas, que vagaram por muitos caminhos, uma
sensação de vazio. Onde está o tesouro?
Caminhos são muitos, mas é preciso um para viver - Um caminho que preenche o
vazio criado pela transitoriedade. Quem não sabe para onde vai e não acredita
que o caminho pode ser uma grandeza que escapa ao seu controle, tal como uma
dádiva, mesmo caminhando está perdido.
No vazio somos tentados a ser o caminho em vez do caminhante. O caminho
não é nosso, a verdade e a vida também não são. O mapa do tesouro está na
escolha de um caminho e caminhar despido de seus próprios, interesses, doenças
e poderes. Para isso precisamos da fé. Optar por um caminho que, a princípio, por não ser nosso,
pode nos levar a um destino bem diferente daquele que imaginamos.
As comunidades da IECLB, e as Igrejas cristãs que confessam Jesus
Cristo como Senhor e Salvador, anunciam o CAMINHO da vida, O Cristo de Deus, a verdade
e a vida. Insistem em denunciar as tentativas dos caminhantes apossarem-se do
caminho e, assim, caminharem nos limites dos seus próprios horizontes na
tentativa de superar sua dependência. Indubitavelmente ali se encontra o vazio,
a arte da loucura humana.
O caminho que Jesus abriu no mundo cria espaço para o “caminhar juntos”;
partilhar os fardos; fazer paradas para celebrar e dialogar na “mesa da
comunhão”; receber novos caminhantes; chorar e estender o abraço, o ombro, a
mão; ajudar e permitir que seja ajudado; despir-se do controle de tudo e interagir
com o outro; perdoar e começar de novo; cair e levantar; alegrar-se e não ter
medo do novo que está à frente; afinal, o destino é a eternidade que não
conhecemos.
Testemunhamos
a respeito de um caminhar permanente, em que os traços do final da caminhada já
se encontram pelo caminho. A provisoriedade e a dependência da plenitude imprimem
liberdade, sentido e alegria. O tempo de caminhada e o próprio caminho escapam
do controle humano. Um caminho invisível, visível em toda a Criação por aqueles
e aquelas que aceitam o chamado para a peregrinação. O tesouro de vida sem fim daquele que veio ao
mundo da parte de Deus e tornou-se peregrino entre nós e permanece conosco a
caminho: Jesus Cristo.
Guilherme Lieven
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