3 de outubro de 2011

Diaconia: Fé e Obras

As Comunidades de Confissão Luterana no Sudeste Brasileiro dão visibilidade à visão teológica e bíblica da fé conjugada como o serviço a Deus. Ao ser traduzido pela rica palavra “diaconia”, essa característica bíblica / confessional destaca a dimensão central da vivência da fé em amor. É a prática da comunhão com Deus e com a sua vontade em relação ao outro e à realidade. (”Toda a lei está contida numa só palavra: amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Gl 5.14).


Praticar o amor ao próximo é responder à vontade de Deus. Tal como uma mãe, a fé gesta a ação de amor, de justiça e de paz. Sem fé e afastado da comunhão com Deus, por não corresponder à sua vontade, o ser humano vive susceptível à fragilidade e ao limite das forças humanas. A fé na ação salvadora de Deus não deixa a pessoa isolada. A fé também é relacional. Despida do medo e da condenação à morte, para uma vivência em gratidão e liberdade no contexto em que está inserida, a confiança no amor de Deus remete ao ser humano. A fé é desenvolvida em comunidade que, inserida em uma realidade, se sustenta por interação. A ação salvadora de Deus vocaciona o serviço ao outro. O próprio Cristo de Deus veio ao mundo para servir (Mc 10.45). A conjugação da fé e obras recebe o nome de DIACONIA (diakonein: servir), que significa serviço a Deus, serviço ao Cristo de Deus e serviço ao próximo. A fé cristã se define no estar a serviço. Tudo o que temos, dons e bens, estão a serviço da vontade de Deus. “Maldita seja a vida, na qual alguém vive para si mesmo, e não para o seu próximo” (M. Lutero, WA 12). Com sua dimensão diaconal, essa vivência de fé impulsionou e respaldou comunidades de confissão luterana em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais a fundarem doze instituições sociais, também chamadas de diaconais. Correspondendo às exigências legais do seu contexto e à gestão interdisciplinar da diaconia, as comunidades criaram extensões da sua vivência de fé e vocação para servir com amor ao próximo. O amor e a liberdade, que vêm de Deus, levam pessoas a caminharem juntas pela graça divina a serviço do outro, que por sua vez interage e se dispõe a recomeçar.  
(Guilherme Lieven)

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