27 de fevereiro de 2012

Comunhão dos Diferentes


Conhecer melhor um ao outro se tornou fundamental para o relacionamento interpessoal, para a convivência, para realização de projetos em comum, também para viver a fé em comunidade.
                Reunir jovens e apresentar a eles uma dinâmica de vida com os valores da fé, incluindo desafios da vida pessoal e do contexto social exige a visão e a valorização das diferenças. A identidade e o perfil pessoal estão cada vez mais no primeiro plano.
                Atualmente os jovens apropriam-se de interesses, planos, sonhos e esperanças diferenciados, determinados por situações específicas diversas.  Por exemplo, a abordagem de um tema pode ser deslumbrante para um jovem, mas totalmente frustrante para o outro.


                Hoje não basta convidar jovens para participar de atividades em grupo na comunidade de fé, antes é preciso conhecê-los e admitir as suas diferenças, considerar os seus interesses, medos, dores, alegrias e sonhos.
                A Bíblia nos ensina que Deus é “craque” nessa arte de valorizar as diferenças e os diferentes. A Palavra de Deus relata que Ele chama pessoas diferentes, com dons e interesses diferentes para participar da usa missão de revelar o seu amor ao mundo e à humanidade. É emblemático o grupo de discípulos citado nos evangelhos. São todos muito diferentes uns dos outros.
                Jesus foi um grande gestor de grupos e multidões. Ele conhecia o povo de Deus e o mundo e trouxe, sem errar, a proposta do reino de Deus.
                Precisamos admitir que nem sempre temos um bom diagnóstico da realidade, e em nosso caso, dos jovens, de suas diferenças, interesses e dificuldades. E muito menos conseguimos apresentar com clareza a missão de Deus. Temos muitas dificuldades para interagir com os sinais do seu reino presente entre nós.
                para entender melhor a questão vamos caracterizar dois personagens jovens fictícios, mas reais em nosso meio: Ana e André. Ana é tímida, fala pouco, quando recebe uma tarefa preocupa-se com os detalhes. Ela gosta da sua casa, cuida das suas coisas com capricho. Seus sonhos são diferentes dos sonhos de outros jovens, ela quase não fala deles. Até o seu visual tem uma característica única. Faz sempre caso de adorno alternativo. Ana tem os seus medos, mas esses não a impedem sua interação com os outros jovens. Cultiva amizade com poucas pessoas.
André é diferente. Sempre expansivo, fala muito e opina sobre todos os assuntos. Demonstra uma preocupação com o todo. Sua visão é geral.  Anda sempre com muitos amigos e demonstra liderança. Por outro lado é desorganizado e despreocupado com as “pequenas” coisas. Ele esconde os seus sentimentos. Preocupa-se mais com os outros do que consigo mesmo. Ele é muito diferente de Ana.
                Num grupo de jovens da comunidade que contempla e valoriza as diferenças, Ana e Andre teriam espaço e importância, suas diferenças se complementariam. André assumiria o papel de garantir a visão e o compromisso maior do grupo, desafios externos, dimensões amplas da missão de Deus que vão para além do grupo e da comunidade. Ana, por sua vez, asseguraria a manutenção daquilo que para o grupo é específico, sua identidade, limites e prioridades. Preocuparia com cada integrante do grupo.
                Na motivação e interação com jovens ainda estamos viciados em assumir os vários papéis e tarefas e desconsiderar seus dons e características.  Sem percepção anulamos a participação, o protagonismo e as diferentes características deles. O resultado é sempre o esvaziamento e a hierarquização da gestão.
                A Comunidade Jovem viva valoriza a interação, a comunicação, a abertura para a pluralidade, conjugando simplicidade e a pluralidade com a intimidade e a comunhão.
                Precisamos aprender com as diferenças, conhecer melhor uns aos outros, valorizar o perfil e preferências de cada jovem. É fundamental construir uma dinâmica de grupo onde todos participam e constroem comunhão em meio as diferenças. E, assim, passa a conhecer o chamado de Deus para viver a fé com amor e esperança. A comunhão ganha sentido com a interação dos diferentes.

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