Conhecer melhor um ao outro se tornou fundamental para o
relacionamento interpessoal, para a convivência, para realização de projetos em
comum, também para viver a fé em comunidade.
Reunir
jovens e apresentar a eles uma dinâmica de vida com os valores da fé, incluindo
desafios da vida pessoal e do contexto social exige a visão e a valorização das
diferenças. A identidade e o perfil pessoal estão cada vez mais no primeiro
plano.
Atualmente
os jovens apropriam-se de interesses, planos, sonhos e esperanças
diferenciados, determinados por situações específicas diversas. Por exemplo, a abordagem de um tema pode ser
deslumbrante para um jovem, mas totalmente frustrante para o outro.
Hoje
não basta convidar jovens para participar de atividades em grupo na comunidade
de fé, antes é preciso conhecê-los e admitir as suas diferenças, considerar os
seus interesses, medos, dores, alegrias e sonhos.
A
Bíblia nos ensina que Deus é “craque” nessa arte de valorizar as diferenças e
os diferentes. A Palavra de Deus relata que Ele chama pessoas diferentes, com
dons e interesses diferentes para participar da usa missão de revelar o seu
amor ao mundo e à humanidade. É emblemático o grupo de discípulos citado nos
evangelhos. São todos muito diferentes uns dos outros.
Jesus
foi um grande gestor de grupos e multidões. Ele conhecia o povo de Deus e o
mundo e trouxe, sem errar, a proposta do reino de Deus.
Precisamos
admitir que nem sempre temos um bom diagnóstico da realidade, e em nosso caso,
dos jovens, de suas diferenças, interesses e dificuldades. E muito menos
conseguimos apresentar com clareza a missão de Deus. Temos muitas dificuldades
para interagir com os sinais do seu reino presente entre nós.
para entender melhor a questão
vamos caracterizar dois personagens jovens fictícios, mas reais em nosso meio:
Ana e André. Ana é tímida, fala pouco, quando recebe uma tarefa preocupa-se com
os detalhes. Ela gosta da sua casa, cuida das suas coisas com capricho. Seus
sonhos são diferentes dos sonhos de outros jovens, ela quase não fala deles.
Até o seu visual tem uma característica única. Faz sempre caso de adorno
alternativo. Ana tem os seus medos, mas esses não a impedem sua interação com
os outros jovens. Cultiva amizade com poucas pessoas.
André é diferente. Sempre expansivo, fala muito e opina sobre
todos os assuntos. Demonstra uma preocupação com o todo. Sua visão é geral. Anda sempre com muitos amigos e demonstra
liderança. Por outro lado é desorganizado e despreocupado com as “pequenas”
coisas. Ele esconde os seus sentimentos. Preocupa-se mais com os outros do que
consigo mesmo. Ele é muito diferente de Ana.
Num
grupo de jovens da comunidade que contempla e valoriza as diferenças, Ana e
Andre teriam espaço e importância, suas diferenças se complementariam. André
assumiria o papel de garantir a visão e o compromisso maior do grupo, desafios
externos, dimensões amplas da missão de Deus que vão para além do grupo e da
comunidade. Ana, por sua vez, asseguraria a manutenção daquilo que para o grupo
é específico, sua identidade, limites e prioridades. Preocuparia com cada
integrante do grupo.
Na
motivação e interação com jovens ainda estamos viciados em assumir os vários
papéis e tarefas e desconsiderar seus dons e características. Sem percepção anulamos a participação, o
protagonismo e as diferentes características deles. O resultado é sempre o
esvaziamento e a hierarquização da gestão.
A
Comunidade Jovem viva valoriza a interação, a comunicação, a abertura para a
pluralidade, conjugando simplicidade e a pluralidade com a intimidade e a
comunhão.
Precisamos
aprender com as diferenças, conhecer melhor uns aos outros, valorizar o perfil
e preferências de cada jovem. É fundamental construir uma dinâmica de grupo
onde todos participam e constroem comunhão em meio as diferenças. E, assim,
passa a conhecer o chamado de Deus para viver a fé com amor e esperança. A comunhão
ganha sentido com a interação dos diferentes.
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