21 de outubro de 2022

Liberdade

A definição de liberdade aguça debates, críticas e opiniões. A poetisa Cecília Meireles destacou: “'Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda!” (Romanceiro da Inconfidência). A palavra liberdade é também usada para autorizar ações de ódio, de destruição e de acepção de pessoas. O debate sobre liberdade é constante e polêmico. Já em 1520, Martim Lutero ensinou sobre a liberdade cristã. Afirmou: "um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém - pela fé. O cristão é servidor de todas as coisas e submisso a todos - pelo amor" (Livro: Da Liberdade Cristã). Jesus, nosso salvador anunciou: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8.32). A vida livre é uma dádiva de Deus. Pela fé, somos livres. A fé nos leva a amar e a conhecer a verdade de Deus que nos liberta da morte e dos poderes que geram morte. Conforme Martim Lutero, a única força que pode nos escravizar é o amor. A vida livre, escrava do amor, criada por Deus em Jesus Cristo, é a condição primária e singular que remete o ser humano a resistir contra os poderes da escravidão e a construir espaços de dignidade, justiça, igualdade e paz, onde a liberdade é visível e real. Nesse tempo de debate político, de julgamentos e violências, em uma sociedade dividida, a verdade e a liberdade cristãs são luz. Nesse tempo perigoso, apesar dos nossos limites é possível anunciar a verdade da vida. Viver e criar liberdade, gerar gestos e ações de amor. Concretizar o sonho humano de liberdade.

Eleições 2022

Chegou o dia de exercermos o nosso direito de votar. Venho pedir que você ore, vote e ore. Antes de votar, logo de manhã, peça a Deus para te conceder e dar ao povo brasileiro um dia abençoado, de paz. Peça a Deus para te dar o Espírito de Jesus, e assumir o voto com sabedoria, discernimento e fidelidade ao evangelho. Você votará 5 vezes: deputado estadual, governador do estado, deputado federal, senador e presidente da república. Comparo o seu e o meu voto como sementes, que conforme a nossa escolha, poderão cair do terreno da natureza humana e, nesse caso, produzirão frutos do mal, ou essas sementes poderão cair no terreno do Espírito de Deus, e ao ser guiado por Ele produzirão frutos do bem, da solidariedade, da dignidade, frutos de vida. Semeie os seus votos, no terreno que as transformarão em um grande jardim de esperança, de vida abençoada por Deus. Falo isso inspirado pelo texto bíblico do livro de Gálatas 6. 7-10 – Leia e medite sobre essa palavra, ainda antes das eleições. Você e eu conhecemos os mandamentos de Deus: não cobiçar, não dar falso testemunho, ou fabricar notícias falsas, não adulterar, roubar, matar, desrespeitar, desonrar, não tomar o nome de Deus em vão, cuspir no nome do Senhor Jesus Cristo com palavras e ações e, o principal mandamento, amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao próximo com a si mesmo. Conhecemos a Bíblia, a Palavra de Deus, o evangelho de Jesus Cristo. Não temos motivos para jogar fora, no espinheiro, os nossos votos, as nossas sementes. Nessas eleições deixe o Espírito de Deus te guiar. E após a sua participação nas eleições volte a orar a Deus e agradecê-lo pela dádiva de semear vida em nosso país e em nosso estado. Abençoe-te o Deus da graça e do amor. Amém.

Vivos e livres

Vivos e livres! Tempo difícil. Poucos temem a Deus. Muitos não têm medo do mal e dele não se afastam (Jó 28.28). Nesse tempo confuso precisamos evitar que a luz que Deus nos deu se transforme em trevas (Lc 11.35) Em nossas comunidades em outubro reencontramos novamente com o tempo da reforma. Celebrar é preciso para não perdermos os valores e os tesouros, herdados da Reforma da igreja. Já em novembro chega para nós o tema da morte e da ressurreição. Dádivas salvadoras de Deus que nos sustentam nesse tempo difícil e confuso para nos encontrarmos com a liberdade e a vida. As dádivas de Deus que nos iluminam e nos impulsionam. E, pela fé, fazem-nos apaixonar pela vida, doada e revelada em Jesus Cristo. Tudo que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as escrituras dão. (Romanos 15.4) Tempo de construir esperança em meio as trevas. A esperança abre os nossos olhos e nos conduz. Afasta-nos do mal, das marcas do pecado e ilumina nosso caminho. A esperança cria a coragem de ver no outro e na vida comunitária uma possibilidade de comunhão, uma oportunidade de viver a fé em Deus. A coragem e a luz que procedem de Deus têm o poder de iluminar nossas vidas, casas, comunidade e pedacinhos das nossas cidades. Sem a luz de Jesus Cristo os poderes que gostam das trevas e do mal chegam devagarinho e tomam morada. Invadem nossas vidas, a comunidade, a igreja e a cidade. Temer a Deus, afastar-se do mal, firmar-se na luz de Cristo com coragem, viver em comunhão, nos faz livres e vivos.

2 de março de 2022

Estamos prontos para o novo?

Há sinais de graça e de paz. O poder de morte da pandemia está se definhando. Certamente chegarão dias melhores, dias de graça e de fé no novo que virá e, em fragmentos, já está presente. Estamos no tempo de advento da pós pandemia, em gestação, grávido de novidades. Precisamos primeiro olhar com atenção e cuidado, para o que já acontece entre nós. Antes de reunir muitas ideias e correr o risco de flutuar da realidade e do contexto em que vivemos, ou arriscar opiniões e diagnósticos infundados sobre o que vem por aí. Vamos olhar com curiosidade e amor para as atividades das comunidades, dos grupos, das lideranças, dos membros. Qual o nível da nossa fidelidade e compromisso com a vida comunitária de fé, com nossas ações de amor, com a nossa participação na missão de Deus? Percebemos que vamos estar bem com o novo que virá se promovemos o melhor em tudo o que já está vivo, que está em movimento em nossa vida comunitária de fé. Mas precisamos também reconhecer o pecado de posturas e ações que apressadamente condenam ou negam o presente, sem aprender do que está em curso, que está acontecendo. Não edifica a comparação viciosa daquilo que agora acontece com o passado, com o que escolhemos lembrar do passado. O retorno ao passado compromete o futuro. Jesus ensinou em Lucas 9. 62: “Quem começa arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus”. Essa palavra de Jesus fala para nós e nos fortalece. Ter atenção e foco no que está à nossa frente. Se olharmos para trás perdemos o foco e não conseguimos servir ao novo que virá. Ao passado devemos gratidão. E o futuro exige nossa dedicação. A Igreja de Jesus Cristo, sua dinâmica e poder transformador é um movimento vivo. Ao passado cabe ações de graças, gratidão. Ao novo faz-se necessário desenvolver a capacidade de ver e ouvir, a coragem de envolver-se com o desconhecido, com o frágil, com o que extraordinariamente procede das mãos de Deus. Rumo ao novo, mesmo que em parte desconhecido, faz bem conceber que há um nível de fragilidade presente nesse caminho. Essa percepção leva à necessidade de cultivar o fortalecimento da fé, da evangelização, do envolvimento em ações de amor. Recebemos essa força quando construímos comunhão, praticamos o evangelho e nos motivamos para caminhar juntos, em comunidade. Sabemos que a construção de comunhão e a movimentação conjunta exigem preparação, atualização e motivação de todas e todos: membros, cada pessoa batizada, lideranças, presbíteros, presbíteras, coordenadores e coordenadoras, ministros e ministras. Oramos a Deus: Vem com o seu Santo Espírito e desperte todas e todos nós para o novo, para o que vem. Dá-nos a vida, dá-nos liberdade, dá-nos a salvação.

24 de fevereiro de 2022

Abandonaram Jesus

No passado e nos tempos de hoje perguntamos: Para onde iremos? Para quem iremos? Essas dúvidas surgem de um enorme vazio: falta amor, diálogo, comunhão, pão, dinheiro, justiça, solidariedade, partilha, alegria, gratidão. O que vai acontecer? Onde ancorar o nosso barco? Em qual fundamento construir a nossa vida?
O Evangelho de João (6.7-8) narra uma crise. Em certo momento muitos que seguiam Jesus o abandonaram. Então Jesus perguntou aos seus discípulos mais próximos: Vocês também querem ir embora? Simão Pedro responde: Quem é que vamos seguir? O Senhor tem as palavras que dão vida eterna. Na crise daquele tempo, Pedro e os demais discípulos optaram em seguir ao Deus que veio ao mundo iluminar a escuridão, fundamento permanente, eterno, a vida que permanece – o Cristo de Deus – a presença salvadora de Deus na vida e no mundo.
Hoje acontece um esvaziamento dos fundamentos e valores da vida. Cada um passou a ser o centro e o juiz de tudo e de todos. Abandonaram Jesus Cristo. Outros fizeram pior: Criaram um Jesus semelhante ao cachorrinho de estimação, e o domesticaram. Fazem discursos, espetáculos e passeatas, para dar voz e cultivar a imagem do cachorrinho que “adoram”.
Porém, nós temos a opção de Pedro e dos discípulos. Dizer a Jesus Cristo: O Senhor tem as palavras da vida eterna, o caminho, a verdade e a vida. Tu és o fundamento. Vamos te seguir. Fazer o bem. Amar de fato e de verdade. Viver em comunidade. Anunciar o evangelho. Construir esperança, sustentar espaços que abrigam ações de diaconia e de paz.

Meditação Lucas 6.27-38

Lucas 6.27-38
Destaco nessa meditação: O amor ao inimigo e O chamado para sermos misericordiosos tal como o é nosso Pai. O mandamento do amor ao inimigo atualiza a lei do povo de Deus que exigia amar o próximo, os compatriotas, e os estrangeiros que viviam em suas terras. (Lv 19.18). Também a ética do Olho por olho e dente por dente (Lv 24.19s) é atualizada. Conforme relato no evangelho de Lucas conhecemos o mandamento do amor ao inimigo anunciado por Jesus. Jesus atualiza o mandamento. Amar o inimigo é não imitar o inimigo, não fazer tal como ele faz – Como está escrito em 1 Tessalonicense 5 : não retribui o mal com o mal, mas fazer o bem. Lucas escreve para grupos e comunidades formados por pessoas da cultura grega, chamados de gentílicos. Muitos eram os inimigos dos cristãos. O texto nos permite uma lista de inimigos daquela época: Os que odiavam, que amaldiçoavam, que maltratavam, os que batiam no rosto – desrespeitavam, que roubavam a roupa – a capa – do outro, os que tiravam os bens, recebiam empréstimos e não devolviam, os que julgavam e condenavam. Certamente os grupos e comunidades cristãs eram perseguidos, humilhados e desconsiderados. Em todo o texto está presente o chamado para fazer a diferença. A comunidade de Jesus Cristo é chamada para vencer o mal com a misericórdia, com o amor. O texto fecha com a admoestação para amar, perdoar, emprestar, não julgar, doar a roupa toda – se preciso – Fazer ao outro, à outra, a mesma coisa que gostaria que elas fizessem por você. Ser misericordioso assim como é o Pai. Essa é a diferença: Ser misericordioso assim como é o vosso Pai. Nesse texto aprendemos de Jesus que os filhos e filhas de Deus precisam fazer a diferença. Ter a coragem de fazer mais do que o que todos fazem. – Disse: Os maus também amam os maus. Os maus também ajudam os maus. Jesus diz que é preciso imitar a Deus – Ser misericordiosos como Deus é misericordioso, ao ponto de amar o inimigo. Essa nova ética proposta por Jesus, viver a ação misericordiosa de Deus. Prática que leva os cristãos a fazerem a diferença. Ou seja, não ser, não se comportar, não agir como os maus. A promessa de Deus, que haverá um novo céu e uma nova terra – Apocalipse; o anúncio de um banquete em que todos os povos participarão, são anúncios da futura ação de Deus. A salvação, a misericórdia de Deus criarão a plenitude de vida eternamente. Jesus traz para o mundo o A ação futura de Deus é o fundamento para o mandamento do amor ao inimigo. Esse mandamento chama filhas e filhos de Deus, libertados pela graça, para imitar Deus, o Pai misericordioso. Pela graça e fé, ao imitarmos Deus no mundo, nos incluímos no novo, na plenitude que virá das mãos de Deus. Amar o inimigo ilumina o presente, com o que há de vir – a nova Criação sem ódio, violência, humilhação, julgamento, humilhação, roubo, injúria, perseguição. Essa é a promessa de Deus. Essa palavra do evangelho de Lucas nos desafia a perguntar pelos nossos inimigos. Identificá-los. Muitos são os nossos inimigos, que também são inimigos de Deus. Todos os seres humanos que odeiam seus pais, Pais que odeiam filhos, que matam, roubam, adultera, mentem e praticam injuria, cobiçam, humilham, perseguem ... são inimigos da vida no mundo e inimigos de Deus. Nós mesmos podemos agir como inimigos uns dos outros e de Deus. Há inimigos entre nós, na comunidade, em muitos lares, na rua, no trabalho nos espaços de lazer, no trânsito, em todos os lugares. Entre nós e na sociedade – lá onde estiver o ser humano haverá violência, ódio, condenação, perseguição, roubos, humilhações, desprezo, ganância, mentira, ilusão. Mas Deus pode transformar, salvar os seres humanos. Com fé em Deus e praticando a sua misericórdia, nós pecadoras e pecadores podemos construir comunhão, armazenar bênçãos, descobrir o sentido para a vida, cuidar uns dos outros, receber coragem para servir, nos organizar em comunidade do Salvador Jesus Cristo e fazer a diferença. Quando praticamos a misericórdia de Deus, ganhamos a graça de no mundo participar dos sinais e da luz que aponta para o futuro, a plenitude da vida. Onde não haverá inimigos. O amor ao inimigo é mais um motivo que nos tornam sedentos de comunhão com Deus, de ouvir a sua palavra, de participar dos seus sacramentos, louvar, adorar, construir, sustentar comunidades, organizar grupos para agir, amar, cuidar, ouvir e falar, testemunhar e servir.

Gálatas 5.25-6.10 - Plantar e colher o bem

Gálatas 5.25-6.10 Conforme João 6.68, Pedro diz a Jesus que Ele tem a palavra da vida eterna. Não tem outro a ser seguido. Pedro pergunta a...