Nascemos e crescemos cercados por super-heróis e super-heroínas. A TV, o cinema, livros e revistas em quadrinhos nos apresentam desde cedo esses fantasiosos personagens. Com a mesma força, os adeptos à cultura do poder, destacam ospersonagens heroicos da história real: governadores, presidentes, ditadores, exterminadores e exércitos.
Ainda hoje as crianças se apaixonam por super-heróis e heroínas visualizados nas TVs, revistas e brinquedos. Há super-heróis e Heroínas para as diferentes faixas etárias: Patrulha Canina, Homem Aranha, Supermann, Mulher-Maravilha, Mulher Invisível, Mulher-Gato, Anapanmann... Estão sempre combatendo inimigos. Nascemos e crescemos com os super-heróis e heroínas, pensando que estamos em guerra. Estamos sempre com medo, dependendo de forças mágicas para nos salvar de todos os perigos.
Fomos estimulados a transferir soluções dos problemas aos heróis e heroínas. Cremos que eles possuem poderes especiais. Podem até fazer o mal para vencerem batalhas. Nós facilmente nos anulamos. Não nos incluímos nas propostas e nas ações que visam a superação de crises sociais e tragédias, o mal e a morte. Involuntariamente elegemos nossos heróis e heroínas para vencerem todos os desafios da nossa vida, da nossa cidade, do país e do planeta.
Com essa cultura perigosa, uma espécie de deficiência humana, desprendemo-nos da realidade e elegemos inimigos, identificamos batalhas como se fôssemos espectadores. Transferimos para os heróis e heroínas nossos compromissos, comprometimentos e responsabilidades. E assim justificamos nossa omissão, indiferença e irresponsabilidade com as dádivas da vida, da Criação de Deus, com a justiça e a paz.
Essa deficiência afetou nossa vida de fé. Buscamos um deus mágico. Diminuímos o nosso Deus, o Pai e o Filho e o Espírito Santo, e sua ação salvadora às condições dos nossos fantasmas heróis e heroínas. Prova disso é que milhões de pessoas se identificam com novelas e filmes que transformam em heróis os personagens bíblicos José, Moisés, Davi. E a pregação fiel da Palavra em nossas comunidades não reúne grande público. Não pregamos heróis e heroínas e não fomentamos a magia e a escravidão.
A cura dessa deficiência está no seguimento a Jesus Cristo. Ele revelou que a salvação não vem dos heróis e das heroínas. A salvação e a liberdade passam por nós. Jesus nos incluiu. Revelou que precisamos nascer de novo e, em comunhão com Ele, construir comunhão e paz, amar, servir, ser solidários e viver em comunidade. Nesse caminho de Jesus não há heróis e heroínas. Jesus, o caminho, perdeu. foi perseguido, desonrado, traído, condenado e assassinado. Ele não foi um herói, muito menos cabeludo, branco e de olhos azuis. Ele é o Salvador que deixou sinais da plenitude da vida, nos quais participamos. Fez isso a partir da nossa realidade humana, violenta, injusta e de morte. E Ele diz: Se alguém quiser me seguir, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Mt 16.24