25 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal, 2013

A paz do Deus de amor, que nasceu no mundo, seja com todas e todos. Feliz Natal !
Estamos felizes porque Deus nasceu no mundo! Esse ato de amor é o motivo da nossa festa, da celebração do Natal. Ele, ao tornar-se pessoa humana, desde o menino Jesus que nasceu em Belém, colocou-se ao nosso lado de igual para igual. Ele está conosco. Ele é Deus de amor, Deus amigo e parceiro na realidade em que vivemos.
Em nossas cidades vivemos em meio ao sofrimento, as injustiças e as desigualdades horríveis. Nelas não existe lugar para todos e todas. Conseguimos ver claramente a dimensão lastimável do pecado humano. Há pouca paz!
Mas, entre nós, também conhecemos e vivemos a dimensão da graça. Na escuridão, em meio as contradições e a violência encontramos paz. Pela fé, vivemos ao lado do Deus Emanuel, o Deus conosco, que na escuridão veio iluminar sinais de justiça, de amor, de comunhão e santidade nas pessoas em praças e ruas, em comunidades e casas.
Nos espaços das cidades estão espelhadas a nossa dimensão humana: Pecadora e justa. Isso é assim porque nesses contextos de morte, o menino Deus, Jesus, nasceu e instalou, em nós e no mundo, a dimensão da graça, o poder do amor, a sede de justiça e de comunhão.
Ele escolheu a nossa humanidade para revelar o seu amor e a salvação. Ele veio nos convidar para participar do seu reino tal como somos, com os nossos dons e erros, com a nossa alegria e tristeza, com as nossas perdas e vitórias, com os nossos acertos e pecados.
Esta é a beleza de Deus, a beleza do Natal. Este é o "Jubiloso tempo santo de Natal". Deus tornou-se gente, veio conhecer o nosso inferno e resgatar nossa dignidade, veio conceder-nos o dom de participarmos da sua plenitude, quando mesmo pecadores podemos criar sinais da paz e de comunhão.
Muito tempo antes do Natal, o profeta Isaías anunciou: Eis que uma jovem mulher conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus conosco." Mateus 1,23
Essa esperança do profeta, apropriada pelo povo de Deus, tornou-se realidade. E hoje, com Deus ao nosso lado, sem paz buscamos a paz, acreditamos na paz. Ameaçados pelos poderes da morte vivemos com o gosto da eternidade. Escravizados pelas injustiças, desigualdades, mentiras, corrupção, somos tocados e preparados, pelo Espírito da Santificação, para resistir, amar, tornar-se verdadeiros, parceiros, e construir entre nós a comunhão, a festa da alegria, a esperança do novo que virá.
Com Deus ao nosso lado festejamos a esperança e fortalecemos a comunhão que antecipa, na nossa realidade humana, justa e pecadora, sinais de paz, da eterna beleza da vida.  Por isso oramos:
Vem, ó Deus de amor, e ilumina nossas cidades e nossas vidas.

Feliz Tempo Santo de Natal !

Veja Vídeo da Mensagem>>>  

O Natal nas cidades

O povo que andava na escuridão viu uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas. Isaías 9.2
Esta Palavra do profeta Isaías está  num contexto em que ele denunciou as loucuras do povo, a escuridão instalado em Israel e Samaria. E anunciou a chegada do Príncipe da Paz e de um novo tempo. O profeta proclamou que nas trevas resplandeceria a luz.
A festa do Natal de Jesus nas cidades também transita entre as trevas e a luz. Cremos que Jesus nasceu na escuridão. Nasceu em meio ao pecado. Deus tornou-se pessoa humana para iluminar a escuridão da humanidade.  O Deus salvador, Jesus,  a luz do mundo, está  ilumina as cidades.
Nas semanas antes do Natal as nossas cidades são enfeitadas com muitas  luzes. As lojas, os Centros de Compras, as torres, as árvores das avenidas, praças, prédios e os quintais das casas se vestem de luzes coloridas. Aqui em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, antes do Natal, os moradores da cidade visitam as avenidas e bairros mais iluminados. Admiram as grandes árvores de Natal. As luzes encantam. As crianças ficam maravilhadas, os seus olhos brilham. Os adultos  se juntam às crianças e também se  alegram com as luzes, os enfeites.
Nesse contexto, tocadas pelas luzes e fantasias, as pessoas e famílias também enfeitam suas casas, salas, portas e jardins. Afinal, no início, as luzes do Natal foram símbolos da família cristã e dos Templos das comunidades cristãs. Os enfeites dos Natal saíram das casas e, como vento, se espalharam pela cidade.
Desconfiamos das intenções e motivações dos que financiam essa transformação das cidades no tempo do Natal. Nos Centros de Compras todos os lojistas contribuem para absorver os custos dos enfeites e das atividades lúdicas da época.  Aprenderam que se o Centro de Compras está cheio de luzes muitos vem para ver. E compram! Alegres e encantados consomem para além das suas necessidades. O Natal dá lucro! O poder público, por sua vez, enfeita as ruas, praças, e avenidas.  E as despesas geralmente são embutidas na arrecadação de impostos, ou financiado em parceria com as associações do comercio. A cidade enfeitada fica famosa. E todos esquecem, por um breve tempo, dos desafios e da escuridão instalada na cidade.
Natal é tempo de trevas e de luz.  Somos  envoltos por luzes e escuridão. Mas, não ficamos desanimados. Porque cremos que Deus mostra o seu rosto salvador nessa nossa situação. Ele está presente em nossas cidades, enfeitadas e iluminadas no tempo de Advento e Natal.  E algo misterioso acontece. As luzes da cidade organizadas e manipuladas por pessoas humanas criam escuridão. E o Príncipe da Paz,  na escuridão da cidade, nasce e ilumina. Na aparente ausência de Deus nasce a presença de Jesus, o Filho de Deus.

Tocados pela luz do Natal de Jesus recebemos discernimento para escapar e ajudar aos outros a escaparem da luz que ofusca. E, ao mesmo tempo, conhecer as trevas iluminadas.  Nessa situação dinâmica, quase sem o nosso próprio controle, em meio as luzes e a escuridão, nos movimentamos em direção ao Deus salvador. Buscamos saúde e pão, imploramos auxílio, justiça e paz, luz para os nossos caminhos. Assim,  somos encorajados e chamados para se movimentar  em direção a missão de Deus, e participar da sua ação transformadora, qual seja, de iluminar a escuridão das pessoas e das cidades. 

Desafios da Igreja nas cidades

Entre os desafios das Igrejas na metrópole, em especial, das comunidades da nossa IECLB escolho o teológico: Onde está a Cruz de Cristo nas Cidades? Onde estão os sinais da ressurreição?
Esse assunto é prioridade para os cristãos da cidade. Quem tem olhos só para ver milagres, prosperidade, vitória, prazer, sucesso, não tem olhos para enxergar que Deus se revela no Crucificado.  Martim Lutero afirmou que o conhecimento verdadeiro de Deus passa pelo Jesus crucificado.  Na cruz Deus revela o rosto da graça e do amor. Quem enxerga a Cruz de Cristo estampada  na realidade urbana vê sinais da ressurreição, conhece a paz do Cristo de Deus.
Esse desafio teológico passa pela necessidade da contextualização da teologia, do falar de Deus, da constante tentativa de dar linguagem e voz à sua revelação, em espaços urbanos, com as pessoas da cidade. Na aparente ausência de Deus está a presença de Deus.  As pessoas estão sempre em busca de felicidade, justiça e pão; também querem libertação da morte. Elas movimentam-se  em direção a Deus. Buscam a superação das suas fraquezas e necessidades. Os seus olhares, no entanto, direcionam-se ao sucesso, à prosperidade, à magia e ao poder e, assim, permanecem cada vez mais longe de Deus. Já a busca por comunhão com Deus e com as pessoas da cidade, que  passa  pela realidade da cruz, pelo aparente abandono de Deus,as levam a cura e a felicidade com dignidade. Por isso cremos que também as Metrópoles abrigam a contínua presença salvadora de Deus, através do Cristo da Cruz e da Ressurreição.

O enfrentamento a esse desafio teológico conduz as Igrejas e as Comunidades ao diálogo e a interação com o seu contexto urbano, onde está estampada a Cruz de Cristo. Ali, pela graça e ação do Espírito Santo, através da Diaconia e da missão, as pessoas e as comunidades podem conviver com os sinais do reino de Deus e olhar com liberdade para os sinais transformadores da ressurreição.

29 de novembro de 2013

Cremos na vida, no início e no fim

Cremos no Deus que é o início de tudo e o fim de todas as coisas. Tudo inicia em Deus e tudo finalizará Nele. As comunidades perseguidas, ameaçadas pela morte, no tempo do Apocalipse de João, confessaram Jesus Cristo, o Filho de Deus, dessa maneira.

 "Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e Último, o Princípio e o Fim."  Apocalipse 22.13

Você, por acaso, conhece outra fé? Ou não precisamos de nenhuma certeza sobre o início e o fim? As pessoas sem início e sem fim são altamente perigosas... Algumas dessas pessoas elegem-se como o centro de tudo, e se auto determinam donos da verdade, do que é certo e errado. Utilizam-se de tudo e de todos para si mesmos. Elegem seus inimigos e o mal, e com os seus critérios os eliminam, ou com eles lutam. Outras pessoas sem passado e sem futuro tornam-se inanimadas e indiferentes - escravas do tempo sem tempo. Para elas tudo está certo e tudo está errado. Ajeitam-se para viver. Como dizem por aí: "Não fedem e nem cheiram".

Qual a sua história? Para onde vais?

Cremos que Deus participa da nossa história. Ele está presente. Ele está vivo no Cristo ressuscitado. E a nossa vivência de fé coloca-nos no caminho que leva ao fim, onde estará presente aquele que é o FIM de todas as coisas - não só o final, mas o objetivo da vida, o sentido da vida. Por isso, em nossa história, em nossos dias cultivamos a comunhão com Aquele que é o Princípio e o Fim. Por isso, cultivamos esperança e escolhemos, em nosso dias, servir e participar dos projetos e da missão de vida daquele que conduz a plenitude dos tempos. Assim não temos medo de viver, não temos medo de amar, não temos medo de errar, não temos medo de confiar naquilo que está além e escapa ao nosso controle e vontades.


Creia na Vida! Creia no Início e no Fim!!!

Vidas em Comunhão

Guilherme Lieven

Vidas de Deus em comunhão, em busca da paz

Na cidade precisamos de comunhão e de paz. Já é tempo de assumir a cidade como nossa casa. Cuidar dos nossos espaços de comunhão e arquitetar a paz. O Profeta Jeremias (29.7) anunciou: “Procurai a paz na cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.”

Encontrei Mariana, estudante de arquitetura, na hora do almoço em um restaurante onde as pessoas mesmo se servem. Ela me reconheceu e “puxou” conversa.  Depois do nosso diálogo de aproximação, curioso, indaguei sobre os motivos da sua presença no centro da cidade. Prontamente respondeu, com empolgação, que finalizara naquela manhã uma pesquisa sobre a beleza, dimensões e funcionalidade dos espaços públicos que favorecem o encontro de pessoas e o lazer. Disse que estava surpresa e feliz com o resultado da pesquisa. Na volta ao trabalho, conclui em silêncio: A pesquisa da Mariana gerará, na faculdade, um bonito debate sobre as vias alternativas da cidade que levam a encontros, amizade, partilha e lazer.

Mariana despertou em mim reflexões sobre o tema e o lema do ano da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a nossa IECLB: VIDAS EM COMUNHÃO. “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz”. Jeremias 29.7

As comunidades cristãs receberam de Jesus Cristo a vocação, o chamado, para criar espaços de comunhão, sinais de dignidade e da plenitude da vida em seus contextos.

Vivemos nas cidades e ali somos e participamos da Igreja de Jesus Cristo. Movimentados por ela, trabalhamos, interagimos, transitamos, vivemos o dia-a-dia. E nela, em comunidade, nos juntamos e nos organizamos para viver em comunhão uns com os outros e com Deus. Pela graça de Deus nos tronamos comunidade da Igreja de Jesus cristo. A cidade, o nosso contexto torna-se a extensão da nossa casa e do nosso testemunho de fé. Não podemos nos esconder e nos isolar, ou promover o isolamento da nossa comunidade de fé, retirando-nos da circulação, do movimento da cidade, descomprometendo-nos com ...

Estudo sobre Romanos 7.15-25a

Guilherme Lieven

 Introdução
O texto da carta de Paulo aos Romanos 7.15-25ª, previsto para a Prédica no 4º Domingo de Pentecostes exige cuidado exegético e dedicação teológica. A sua mensagem central está relacionada com conteúdos primários da nossa fé. Somos capazes, sem Deus, de encontrar a paz, a liberdade da morte e fazer o bem? Qual a nossa condição humana, existencial, na busca pela comunhão com Deus? Convido você para encontrar inspiração e auxílio, nas referencias exegéticas e meditação apresentadas a seguir, para a abençoada tarefa de proclamar a presença, o amor e a salvação de Deus.
Antes destaco que estão agrupados a esse texto, sugerido para leituras no culto, o texto de Zacarias 9.9-12 e o evangelho de Mateus 11.16-19, 25-30. Zacarias anuncia a chegada de um Rei justo, mesmo pobre e miserável, mesmo sem aparência de rei será aquele que destruirá o mal, anunciará a paz e restituirá a vida. O texto do evangelho de Mateus apresenta as dificuldades do povo da época e de suas lideranças compreenderem a presença de Deus no mundo, através do seu Filho. Racionalmente ninguém conseguia entender que o Filho do Homem, que come e bebe, amigo de pecadores e pecadoras, pudesse ser mais poderoso do que os profetas e João. O ser humano não aceita esse rei sem os poderes de rei, esse Filho do Homem sem a aparência de Deus para livrar-lo do mal e conceder-lhe a liberdade da morte.
Essas dificuldades permanecem também no nosso tempo, transitam nas mentes de pessoas ligadas ou não às comunidades cristãs.

Comentários exegéticos
A carta aos romanos: Paulo escreveu a carta em Corinto, por volta do ano 56, antes de se dirigir a Roma e a Judéia. Nela sistematizou sua teologia, desenvolvida em suas viagens missionárias no oriente do Império Romano, onde se deparou com controvérsias, conflitos e ameaças ao evangelho de Jesus Cristo. Certamente elaborou as suas convicções pensando na sua visita à Comunidade em Roma, preparando-se para eventuais debates e oposição. Talvez esses sejam os estímulos que o apóstolo recebeu para obter uma elaboração teológica notável.
O texto, 7.15-25ª: Ele está inserido no bloco (3.21 a 8.39) em que Paulo argumenta positivamente sobre as conseqüências do pecado humano e a ação de Deus.

30 de outubro de 2013

Necessitamos de confiança, fé e esperança

"O Senhor me livrará de todo o mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre. Amém." 2ª Timóteo 4. 18
      Necessitamos dessa confiança e fé para nós mesmos. Somente convictos desse cuidado e dessa ação libertadora de Deus é que encontramos forças e coragem para anunciá-la aos caídos e abandonados, que vivem ao nosso redor. É comum na situação de cruz fugirmos da realidade. Esquecemos que a cruz é obra dos poderes da morte. E que Deus, em Cristo, encarnou-se nela, para vencê-la e partilhar a vitória da vida conosco. Quando fugimos da cruz abandonamos a vitória da vida doada por Deus. O apóstolo Paulo, mesmo sozinho, perseverou e manteve sua comunhão com a vida, não fugiu da cruz.
O apóstolo Paulo escreve a Timóteo e dá testemunho da sua fé e do cuidado de Deus. Ele informou ao amigo de missão que a sua vida estava chegando ao fim. Já sozinho, abandonado, testemunhou que Deus o livrará das forças do mal. Ele confirmou a sua confiança em participar no reino celestial de Deus.
O lema da semana ilumina nossa esperança e a nossa confiança no amor de Deus. Você já sentiu-se sozinho, desamparado, sem saber sobre o que vai acontecer? Você conhece pessoas vivendo nessa situação difícil e angustiante? Nas nossas cidades, bem perto de nós, muitas pessoas estão nessa situação. Mas, nem todas elas confiam que Deus as livrará do mal e as incluirá em seu reino de vida plena. Sofrem duplamente: Sofrem o abandono e sofrem por não ter esperança, por não saberem-se nas mãos de Deus. A nossa participação na missão de Deus, nas cidades, inclui o nosso testemunho, tal como o apóstolo Paulo. Qual seja, partilhar com as pessoas caídas, cansadas e excluídas, que Deus tem amor por elas e já preparou a comunhão delas com Ele, seja qual for a situação ou dificuldade.
Damos graças a Deus pelo testemunho do Apóstolo Paulo, que nos motiva a viver em esperança, certos do cuidado de Deus, sem medo da realidade de cruz e da morte, já vencida por Deus em Jesus Cristo.
Pastor Guilherme Lieven

3 de outubro de 2013

Onde encontramos paciência e coragem?

Tudo que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão.” Romanos 15.4
Nossa fé está baseada nas Sagradas Escrituras. São a base para a vida comunitária de fé e a missão da Igreja de Jesus Cristo no mundo. As Escrituras anunciam o Deus de amor que está sobre todas as coisas, que cura, consola, cuida  e salva. Revelam as promessas desse maravilhoso Deus e o novo que há de vir. Sustentam a coragem do testemunho profético, e dão sentido à fidelidade à vida plena, em detrimento as ameaças dos poderes vivos da morte.
As Escrituras, pela ação do Espírito Santo, revelam a presença de Deus em nossos contextos, no mundo e em nossas vidas. Ouvir e estudar as Escrituras Sagradas cria esperança e fé, transforma vidas em luz no meio da escuridão.

Nossos desafios são muitos, numerosas são as propostas para viver nesse mundo. Nessa situação precisamos das Sagradas Escrituras para sustentar paciência e  coragem na construção, em família, em comunidade, ou individualmente, de dignidade e de espaços de comunhão, apesar das ameaças e dificuldades. Nas Escrituras encontramos forças para a superação das perdas, para a disposição em servir, vencer sofrimentos, superar dolorosas diferenças e construir, em comunhão, esperança e coragem.
Permita que as Escrituras Sagradas despertem em você a fé, paciência e coragem. 
Guilherme Lieven

30 de agosto de 2013

Graça, comida libertadora.

Ó Senhor, Deus Todo-Poderoso, eu sou teu, e por isso as tuas palavras encheram o meu coração de alegria e de felicidade.” Jeremias 15.16

Esta palavra do profeta Jeremias nos remete a uma situação existencial, vivida por muitos. O vazio que se instala na pessoa humana, quando não conhece a graça de Deus. A insatisfação, a sensação de que está faltando alguma coisa são sintomas de um vazio existencial. Tal como um vazio interior capaz de levar ao desespero.
As ações de Deus em favor do profeta, também as promessas de garantir a ele sentido ao seu sofrimento, devido suas denúncias e a revolta dos denunciados, chegaram para o profeta como um dádiva. Livraram-no da angústia, das incertezas e do medo de que a sua causa era em vão. Encheram o seu coração de alegria e de felicidade.
Aprendemos dessa situação do profeta que a sintonia, a comunhão com Deus e a fé nas suas dádivas nos protege do vazio. Fortalece-nos nos momentos de crise e nos livra da prisão criada por nós mesmos, por nossos limites.
A graça de Deus preenche vazios. É uma comida poderosa. Ela preenche o vazio de sentido das pessoas que crêem. Ajuda a conhecer melhor a si mesmas. Influencia suas escolhas. Permite a liberdade, os sonhos, a esperança, os horizontes. A pessoa saciada tem alegria de viver. Ela confia e espera. Sabe-se nas mãos de Deus. Abraça as suas promessas e se coloca a caminho no dia-a-dia, sem desespero. Equilibrada, cuidada, amparada, participa na missão de viver a serviço da paz, da dignidade. Esquece-se da loucura, da doença, da procura por inimigos e deixa de esperar tudo de si mesma.
Despidos das dádivas e da ação salvadora de Deus corremos perigo. Vazios, passamos a imitar aos outros, a desejar o que os outros desejam. As metas, objetivos, valores, conceitos adquirimos de outros ou dos consensos da sociedade injusta e violenta. Nossos sonhos e projetos de vidas passam a ser corrompidos e tornam-se ilusões. Passamos a conhecer a apatia, a indiferença e a resignação. O vazio se instala em nós.


A graça de Deus é uma comida libertadora.

12 de agosto de 2013

Juventude e a esperança


A juventude e a esperança


A juventude precisa de nossa ajuda, de estímulo para encontrar e desenvolver a sua maior vocação, a esperança.
A vocação da juventude é a esperança, a construção da esperança. Através do comportamento, das opções, dos ideais, das aptidões e criatividade a juventude vive e anuncia esperanças. Tem o dom de desenhar traços que revelam realidades novas.
A história nos conta que muitas lideranças transformadoras, que promoveram mudanças sociais, culturais e políticas tinham menos de 30 anos de idade. A juventude sempre teve a facilidade para articular poderes, gestos e ações que transformam sonhos em realidade.
Mas, esta juventude querida de Deus e a sua vocação estão ameaçadas. A cultura de “valores” propagados atualmente como bons, corretos, legais, bonitos, etc, está contaminada pelos interesses do poderes econômico e das manifestações humanas que confunde e escravizam os ideais e a criatividade da juventude.
Esta cultura de “valores” reduz a vida à dimensão biológica, ensinando que a ser transformada e superada foi sempre assim, que a vida é cíclica, anulando os valores acumulados pela história e das identidades culturais e religiosa.
Esta contra cultura desperta o fatalismo, induz ao comodismo e a indiferença diante dos desafios do presente e do futuro. Promove na juventude um desejo e ansiedade de fazer da vida um mero entretenimento, um espetáculo. Perigosamente as estruturas afetivas e formadoras de valores são desvirtuados. A violência tragicamente é assimilada como divertimento e jogo. A beleza, a alegria e o amor são associados às imagens sensacionalistas, ao mundo virtual e também à pornografia. Desprepara a juventude para participar do quotidiano com a sua vocação maior, com a esperança e as suas desafiantes conseqüências.
Acredito que a resistência diante destas ameaças passa pela opção por uma vida comunitária, marcada pelas propostas e experiências da solidariedade, pela leitura crítica da realidade, pelo caminho que inclui o exercício da cidadania participativa e criativa, pela prática de uma espiritualidade baseada na liberdade e no amor proclamados no Evangelho de Jesus Cristo, na reconciliação de Deus.
A juventude precisa de nossa ajuda, de estímulo para encontrar e desenvolver a sua maior vocação, a esperança.
P. Guilherme Lieven

1 de julho de 2013

"Vem pra rua você também"

Lembra-se da parábola de Jesus sobre o semeador? Sementes caíram em terra boa, na estrada, em meio às pedras e no espinheiro. Esta palavra de Jesus ainda hoje ajuda na leitura da vida de fé em comunidade. Ganhamos a dádiva do amor de Deus, a ação salvadora de Jesus nos foi dada. Mas esse tesouro está sempre ameaçado pelo espinheiro, pelas pedras, pela poeira do caminho quotidiano. Há pouco espaço para a manifestação dos sinais do reino de Deus.

Esta mesma palavra me inspira partilhar sentimentos e avaliações sobre as manifestações de rua nas grandes e médias cidades brasileiras. Jovens de classe média, estudantes, profissionais da educação, da comunicação e das artes, dentre muitos outros, arriscaram sistematizar descontentamentos e pautar reivindicações. A tarifa do transporte público em São Paulo foi a gota d água que faltava para desencadear a mobilização de rua. Os trabalhadores e trabalhadoras recebem o vale transporte, os idosos são isentos, mas, e os outros?: “Vem você também pra rua”... A mensagem era legítima. Mas, não tinha espaço para ela. As ruas estavam cheias, os espaços das praças não emitiam “eco”. Onde gritar? “Vem você também pra rua”...
Aquela manifestação pequena foi atacada. Chegou a violência: balas de borracha, pimenta depois vinagre, bombas de gás e truculências. De carona chegaram outras manifestações violentas: aquelas dos extremistas e iniciantes do crime, agentes do quebra-quebra; os ideólogos (extremamente perigosos) de segmentos dos aparelhos e sistemas da comunicação com a sutil linguagem da desestabilização política, econômica, social, usufruindo-se do método da fragmentação das informações; outros guardiões de causas vencidas tentaram hastear suas bandeiras. O descontentamento de uns absorveram a de muitos outros em todas as regiões do Brasil. A causa pequena tornou-se mensagem grande: corrupção, qualidade dos serviços de saúde, custeio da educação... Reforma do sistema de representação e gestão política do País... Um cenário novo e contundente surge de forma inesperada. “Vem você também pra rua”... A mensagem chega codificada. Ninguém consegue ler com segurança. Parece que não há bandeiras e causas definidas... Primeiro o silêncio. Os apressados queimaram bobagens. Governantes tentaram lavar as mãos, outros recuaram.
Nesta semana o cenário e sua mensagem estão ganhando novos contornos. As sementes estão em movimento, deslocando-se da rua, onde há muita poeira, pouco espaço, pressões, insegurança. Passam a fazer agenda nos diferentes espaços da gestão pública. A pauta mudou. Até São João foi esquecido!
Estamos no momento do medo, da passagem das estações – do inverno para a primavera – vem tempestade, ventania ou flores, nova vida? Para onde seguirá a mensagem semente? Esperamos que passe longe do espinheiro, que não se perca em meio às pedras, que encontre terra boa. Que não seja adulterada ou substituída por outra. Que os lobos mascarados de cordeiros sejam afogados pelo espinheiro. Esperamos sinais de paz, justiça e de graça.
(Guilherme Lieven)

1 de março de 2013

Viver Comunidade na Cidade


Viver a fé cristã em comunidade nas cidades é um bem precioso e ao mesmo tempo um desafio. A fé cristã, a comunhão com Deus, o chamado para amar a Deus e uns aos outros movem as pessoas para a vivência da fé em comunidade. Na cidade, no quotidiano, impactado pelo movimento urbano enfrenta-se a dificuldade para administrar as prioridades. Pode-se afirmar que nesse contexto as pessoas são agendadas ao ponto de comprometer suas opções. E a vida comunitária de fé exige opção, comprometimento, participação. A fé cristã não é uma mercadoria, um bem material a ser adquirido, tal como um objeto pessoal de uso privado. A vivência da fé cristã cria a interação com Deus e com o outro. E, por isso, se faz necessário comprometimento, fidelidades e identificação. O ganho não é episódico. Ele se substancializa na interação com a presença de Deus, que comunitariamente torna-se percebida e alcançada quando há comunhão, diálogo, doação, serviço e amor, quando a comunidade cuida uns dos outros e é conduzida pela ação salvadora de Deus.
As comunidades luteranas nas metrópoles do sudeste brasileiro nasceram com a influência do modo comunitário de ser Igreja. O templo e a estrutura física, o espaço comunitário foi construído depois. Os cultos, os estudos bíblicos e a articulação de tarefas comunitárias e de serviço aos outros, a diaconia e a evangelização aconteceram primeiro, nas casas, ou em espaços pequenos e improvisados. Com doação e espírito de corpo construíram seus espaços para a vida comunitária e testemunho da fé em Jesus cristo. Foram preparados e construídos a partir da visão e da dimensão comunitária da fé.
Em épocas diferentes as comunidades luteranas correram o risco de contradizer o conteúdo da fé, ao permitirem que a vida comunitária recebesse influência e motivações de forças de proteção interna, exclusão do outro, do desconhecido, do necessitado, dos que viviam à margem ou perseguidos na sociedade desigual e injusta.
Hoje essas mesmas características e forças comunitárias, pela graça de Deus, tal como no passado, voltaram a servir e a se inserir no contexto e na realidade urbana como sinais de paz, porta vozes da esperança e da dignidade de vida, que questiona o comercio da fé, a manipulação do sagrado, também os valores, poderes e estruturas da sociedade que instrumentalizam a Criação, os seres humanos e a vida em peças de um grande mercado.
O jeito luterano de viver a fé cristã se apresenta no labirinto das cidades como um espaço alternativo e singular para as pessoas buscarem a Deus. Oferece o caminho da vivência da fé a partir da comunhão uns com os outros e desenvolve uma rede de interações e compromissos. Por exemplo, práticas e ações comunitárias que promovem atividades, tais como, encontros, atividades litúrgicas e de formação, envolvimento em projetos públicos e diaconais. Esse modelo de vivência da fé pressupõe a partilha, participação e doação despidas de interesses e satisfações pessoais, e as motivações relacionadas ao chamado, a vocação e a missão de Deus a partir da proclamação das Sagradas Escrituras, da administração dos sacramentos e da construção de sinais da vida plena que há de vir.
As metrópoles estão repletas de sinais. Nelas a vida não seria possível sem eles. Indicam e revelam caminhos, endereços, também onde há perigo, ameaças, violência, da mesma forma, onde encontrar-se com o outro, espaços para trabalhar, passear e descansar. O contexto urbano é formado por sinais e espaços que são essenciais para a existência humana.
A comunidade cristã, preparada para oferecer a vivência comunitária da fé apresenta-se nesse contexto como um precioso espaço de cuidado com a vida, embebido de amor, alegria, gratidão, liberdade e paz. Hospeda a presença de Jesus Cristo, a sua paz, o evangelho. Reúne e acolhe pessoas, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos para naturalmente resistir aos meios da morte, às propostas hedonistas de vida e, assim, interagir na realidade urbana de forma profética e propositiva, com coragem e esperança.
Não é o único e o mais popular. Com as dificuldades de fazer escolhas e definir prioridades, as pessoas nas cidades geralmente não qualificam o espaço comunitário da fé cristã como primeira necessidade. Além do primeiro espaço da casa, movimentam-se nos espaços públicos e privados de trabalho, educação e lazer.  O espaço comunitário religioso da comunidade cristã, quase sempre é o penúltimo.
Na sombra das prioridades urbanas permanece o desafio de garantir ao espaço da comunidade cristã o carisma, a força e o dom de incidir em diferentes contextos das metrópoles com a mensagem, espaço e sinal, que cria dignidade e novidade de vida, o bem precioso que em plenitude há de vir.
(Guilherme Lieven)

22 de fevereiro de 2013

Lucas14.25-33 - Estudo


Introdução
Ter a coragem de deixar o abrigo. Despir-se de tudo o que tem. Relativizar todos os meios de segurança. Abdicar-se de privilégios e prêmios. Eis o desafio singular nesse tempo em que nos convencem a salvar-nos a nós mesmos. Essas atitudes e desafio estão relacionados às exigências para o seguimento a Jesus, presentes no texto de Lucas.

Exegese
Para encontrar a mensagem central de Lucas 14.25-33 consideramos importante a parábola anterior que ilumina o descaso de alguns ao convite de Jesus para participar do banquete, do Reino de Deus.  Mas, outro segmento de pessoas, socialmente identificado, aceita o convite para a festa da vida com facilidade e alegria. Da mesma forma a parábola do sal, após o nosso texto censura a comunhão sem gosto, sem comprometimento visível, ou real.

Tentação


Jesus respondeu ao Tentador: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” (Mateus 4.4)
Somos tentados a garantir sozinhos o sustento, a alegria, as forças para a superação dos medos e angústias e, com facilidade, nos iludimos e passamos a alimentar pensamentos e reunir argumentos que exaltam e endeusam as nossas capacidades, forças, oportunidades, bens, poderes e fomentos da natureza  como meios suficientes para garantir o bem estar e a vida. Somos sempre tentados para viver só de "pão". Desdenhamos a comunhão com Deus. E muitos, quando perdem todos os argumentos, culpam a comunidade e suas lideranças pela sua resistência à vida comunitária de fé e à graça abundante de Deus.

Entre nós é sempre proclamado que a Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos. Somos sempre alertados de que só o pão não é suficiente para viver. Além das necessidades do nosso corpo e da estrutura e valores da sociedade necessitamos, antes de tudo, de orientações para os nossos passos, luz para indicar caminhos, sentido, início e meio e fim. Essa orientação e essa luz encontramos na palavra que procede da boca de Deus.  
Em uma grande cidade, certa vez, entrei num ônibus sem ler as indicações do seu itinerário. Para chegar ao destino que planejei necessitei da palavra do cobrador do ônibus. O meu dinheiro, a minha experiência, minha inteligência e o próprio transporte urbano não foram, em si, suficientes para atender a minha necessidade e o meu plano. Foram necessários, ainda, orientações e indicações do cobrador sobre em que terminal deveria descer e qual ônibus retomar.
O povo de Deus no deserto, após a saída do Egito, também pensou que só o pão resolveria os seus problemas. Aprendeu que também  era necessário a orientação e a presença de Deus em seus caminhos.

Assim entendemos porque Jesus proclamou, conforme o evangelho de João, que ele é o pão vivo que desceu do céu. A Palavra que tornou-se pão. Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.
Guilherme Lieven 

21 de janeiro de 2013

A Glória e a grandeza de Deus

Onde Deus está sendo glorificado? A sua grandeza pode ser vista e testemunhada entre nós? Estas perguntas são perturbadoras. Não temos respostas fáceis para elas. Com as nossas cabeças, inteligência e razão não conseguimos boas e consistentes respostas. Precisamos da dimensão da fé. E a fé não é mercadoria, não se compra e nem se vende. As centenas de igrejas cristãs em nossas cidades, as suas  diversas propostas e enfoques também não nos ajudam.
Os cristãos luteranos acreditam, conforme orientações contidas na Bíblia, que a fé vem da ação do Espírito Santo nas pessoas. A fé vem, como brisa e vento, do ouvir da mensagem, do amor, da ação salvadora de Deus. Martim Lutero, já no século XVI ensinava sobre o terceiro artigo do Credo dos Apóstolos: "Creio que, por minha própria inteligência ou capacidade, não posso crer em Jesus Cristo e nem chegar a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé,"
O Lema da Semana: "O Senhor me disse: Israel, você é meu servo, e por meio de você serei glorificado" (Isaías 49.3)  pode nos ajudar. Foi subtraída de uma das quatro canções do servo de Deus que encontramos em Isaías a partir do Capítulo 42. Conforme importantes estudiosos da Bíblia, o servo é uma pessoa e não um coletivo. No primeiro versículo do capítulo 49 o texto identifica a função do servo, qual seja a de pregar a mensagem de Deus, de dar conta de uma missão. O servo, a mensagem e a missão revelarão a glória, a grandeza de Deus.
A mensagem do amor de Deus, da sua vitória sobre a morte, do seu cuidado com os povos , da sua bondade e do seu reino sem fim, trazidas ao mundo através do Filho e salvador Jesus Cristo revelam a glória, grandeza e a beleza de Deus.  Pela fé temos as respostas para as perguntas acima. A glória e a grandeza de Deus pode ser vista onde se vive a mensagem do amor de Deus, onde se ouve e pratica, participa das ações de amor de Deus.
Em nossas cidades podemos ser pequeninos e humildes servos que, com coragem, anunciam o amor de Deus para todas as pessoas, em especial para as vítimas do sofrimento, injustiças, ódio e violência, que lentamente se movimentam mudos e enfraquecidos em todos os lugares.
Guilherme Lieven

Gálatas 5.25-6.10 - Plantar e colher o bem

Gálatas 5.25-6.10 Conforme João 6.68, Pedro diz a Jesus que Ele tem a palavra da vida eterna. Não tem outro a ser seguido. Pedro pergunta a...