Em 02 de dezembro iniciou o Novo Ano da Igreja, com
o Primeiro Domingo de Advento. Neste início, nas comunidades da nossa IECLB, também
foi lançado o Tema do ano 2013: “Eu Vivo Comunidade”! Esse Rito de passagem da
Igreja, celebrado pelas comunidades de diversas denominações cristãs está fundamentado
em profundos conteúdos teológicos, testemunhos, e na preparação para a
celebração do Natal. As tradições e a criatividade cercam as mensagens de fé
com símbolos, cores, gestos e grande mobilização e envolvimento de pessoas, famílias
e comunidades. Nesses dias e semanas milhares
de pessoas são desafiadas, ajudadas, tocadas e transformadas pela ação
maravilhosa de Deus, que nesse tempo se movimenta de forma incondicional com
pessoas, entre pessoas e apesar das pessoas.
Quase invisível o amor de Deus transita e sobrevive, sem contaminação, em
meio ao fenômeno humano e econômico de consumo e festas - antagônico a ação de
amor de Deus - que se estabelece nas relações humanas hedonistas, apoiadas na
sedução, quase sempre mediadas pelas mesmas cores e luzes inauguradas nos rituais
das comunidades cristãs.
Passado o Natal entra em cena, torna-se pauta de
agendas, notícias e movimentação de milhões de pessoas a “virada para o novo
ano”, que chega acompanhada com sua história e tradições, e transfigurada em
comportamentos especiais, atitudes, desejos e visões. Os rituais da “Virada” tem
força e legitimidade política, social e, especialmente religiosa.
Mesmo fracas resistem ao tempo as celebrações do dia de São
Silvestre que encerra o ano civil. Por muito tempo a lembrança do Papa Silvestre,
que faleceu e foi canonizado em 31 de dezembro de 355, após governar a Igreja
Cristã de Roma desde o ano 314, serviu de motivação para animar as pessoas a
esperarem com confiança e alegria um ano novo melhor, mais próspero. Mesmo confundido com a corrida de rua mais
famosa do País, São Silvestre é lembrado como aquele santo que fez parte, junto
com o Imperador romano Constantino Magno, de decisões que inauguraram novo
tempo, nova era, através do Edito de Milão que transformou o cristianismo em
religião oficial do Império, e do Concílio Ecumênico de Niceia em 325, onde se
tornou consenso a divindade de Cristo. As celebrações de São Silvestre
aproximaram os cristãos da esperança e da renovação, da visão peregrina de Novo
Céu e Nova Terra.
Com as informações e reflexões acima convido
você, leitor, a celebrar a “Virado do Ano”
com uma visão crítica em relação
a exageros e, portanto, com mais simplicidade. Porém, é certo que
precisamos de muita fé. Podemos nos inspirar na Palavra do Salmo 16.11: “Tu
me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na
tua destra, delícias perpetuamente”.
Que o amor e a graça de Deus nos permitam passar para o novo ano com
esperança e confiança, sem medo do novo, ao saber-nos conduzidos e na presença
de Deus.
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Aproveito para partilhar com você que eu nunca fui convencido pelos
rituais da “Virada para o Ano Novo”. Minha
tímida indiferença Leva em consideração a história dos povos antigos, tais como
os egípcios, os habitantes da Babilônia, depois os gregos, e os de hoje, chineses, judeus e muçulmanos que marcam a passagem de épocas de forma diferente, baseados em outros
referenciais. Nós herdamos o calendário solar criado por Julio César (46 d.C),
corrigido pelo Papa Gregório XIII em 1582. Sua correção aboliu 10 dias do
calendário anterior, retificou os anos bissextos, trazendo a data do início de
ano de março para 1º de janeiro e antecipando o Natal de 6 de janeiro para 25
de dezembro. A polêmica criada por esse novo calendário se estendeu até o
século XVIII. Esse é o calendário
oficial adotado no mundo ocidental. Mas, existem outros!