27 de julho de 2012

É preciso nascer de novo

Para a minha vida, nas diversas situações, a dádiva do Sacramento do Batismo é fundamental. Aprendo diariamente da explicação de Martim Lutero sobre a dinâmica salvadora de Deus revelada no batismo, essa que nos permite morrer e nascer diariamente para viver dignamente em comunhão com Deus. Lutero ancora sua explicação na palavra bíblica de Tito 3: “... ele nos salvou porque teve compaixão de nós, e não porque nós tivéssemos feito alguma coisa boa. Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando-nos uma nova vida. Deus derramou com generosidade o seu Espírito Santo sobre nós, por meio de Jesus Cristo, o nosso Salvador. E fez isso para que, pela sua graça, nós sejamos aceitos por Deus e recebamos a vida eterna que esperamos.”
Viver diariamente, certos da graça de Deus, com fé, esperança e dignidade, nos aproxima da realidade onde Deus, na cruz, revelou o seu amor e ação salvadora. A graça de Deus nos move em direção a realidade onde as forças e os sinais de vida e morte, beleza e brutalidade humanas estão em movimento. Ali, todos os dias, pelo poder do Espírito Santo, ganhamos novos olhos para ver e novos ouvidos para ouvir. É assim que nos apropriamos do nascer de novo diariamente, que sustenta nossa dignidade, esperança e paixão pela vida. E afasta de nós a indiferença em relação aos perigos e ameaças da morte. Como brisa que chega e alenta, nos dá discernimento para escolher valores, atitudes, caminhos, gestos e espaços que nos aproximam da presença de Deus.
Convido você para continua essa reflexão. Desculpa-me o simplismo, mas assim como precisamos tomar banho todos os dias para nos limpar da poluição e das sujeiras, a ação do Espírito Santo em nos conceder um novo nascimento diariamente indica um limpar-se de contaminações impostas pela mesma realidade de cruz e brutalidade humana. Quais as “sujeiras” que o Espírito Santo lava?
Ontem ao ir ao mercadinho, próximo da minha casa, por volta das 18h30, num momento de chuva e temperatura de 9 graus deparei-me com mais de 20 pessoas de rua mal agasalhadas, algumas usando drogas, outras encostadas nas soleiras das portas de lojas fechadas. Como não esquivar-se desse cenário? Como interagir com dignidade numa cidade em movimento brutal que não cuida da sua gente caída, excluída e exposta a agudo sofrimento?
Assim como eu, centenas de pessoas transeuntes foram contaminadas pelo pecado do descaso, da omissão diretos e indiretos. Comportaram-se com passividade. Demonstraram conivencia com o consenso de que esse problema é social e a solução está nas mãos de outros. Eu e milhões de outros convivem passivamente com modelos de governos municipais, aqui em São Paulo e em outras metrópoles e cidades, que investem recursos financeiros em maior monta para limpar a cidade do lixo comum, construir viadutos e patrocinar eventos do que para cuidar das pessoas ameaçadas e privadas de condições mínimas para viver.
Solitários, em família ou em comunidades permitimos o avanço da brutalidade humana e omitimos apoio e compromisso com as iniciativas que nos aproximam do Deus da justiça e da graça.

À noite, naquele momento que antecede a chegada do sono, ainda sob o impacto do cenário das ruas por onde passei para ir ao mercadinho, pensei: Daqui há dois anos vou morar em uma cidade que não tem pessoas morando nas ruas... Perguntei: A fuga é o único caminho?
Ontem fui dormir enlameado e com vergonha.... Preciso nascer de novo! Quero abraçar a dádiva do Batismo e a apropriar-me da novidade de vida.
Não estou seguro, nunca estamos, nesse processo. Estou certo de que não poderei fugir da realidade. É nela que devo nascer de novo. 
Será que eu sou o único a passar por essa situação?
 

15 de julho de 2012



O mais importante é aquele que serve

A Palavra orientadora de Jesus Cristo, “Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros” (Mt 23.11) convida todos, especialmente as lideranças e os obreiros pastores/as da Igreja, para servirem uns aos outros.Numa sociedade injusta e hierarquizada como a nossa, onde uns valem mais do que os outros, seja pelo dinheiro, pelo poder, pela força, pela cor ou pela violência, é importante deixar-nos tocar pela palavra de Jesus: “Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros” (Mt 23.11). Conforme o Evangelho de Mateus, ela foi dirigida à multidão e aos discípulos. Pelo poder do Espírito e pela fé esta palavra é uma pérola de grande valor nos dias de hoje. Ela denuncia a nossa nefasta escala de valores e propõe uma transformação de comportamento. Convido você para refletir sobre o brilho desta palavra, especialmente para o contexto e ambiente das Igrejas cristãs. Também nas Igrejas, nas relações eclesiásticas e na vida comunitária de fé, esta Palavra de Jesus tem autoridade. Há igrejas cristãs que adotam modelos eclesiológicos verticais, fundamentados na hierarquia e em estratificação estrutural, despidos dos valores do evangelho de Jesus. Há outras Igrejas, no entanto, estruturadas em modelos horizontais, participativos e comunitários. Apesar das diferenças e do avanço de umas em relações a outras, todas necessitam de ouvir e de colocar em prática a orientação de Jesus:“Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros”.

11 de julho de 2012

VOU SAIR POR AÍ 


Vou sair por aí. Vou pro meio da multidão. Estou cansado daqui. Eu quero fugir, viver melhor. Eu preciso de paz. Estou cercado aqui, eu quero viver, as minhas portas só são virtuais.Estou cansado daqui. Eu quero sair. É sede de vida. É fome de paz.Vou sair por aí. Vou pro meio da multidão. Se junto com os outros posso ser menos, um entre todos, quem sabe sou muito mais. Lá nas ruas e praças, becos e parques,  no trem,  no metrô vou viver melhor. Com a multidão que passa e fala, canta e chora  no nosso mundo real.Não sei se vou pra perto ou pra longe de Deus.Onde todos vão juntos, sem rumo, sem nome, com fome de pão e de paz.Não sei se vou pra perto ou pra longe de Deus.Vou pro vale das sombras, das sobras e restos, dos vivos, pro mundo real.Talvez  lá encontro paz. Aprenda um pouco mais. Encontre o pão da  paz. Viva muito mais. 

Gálatas 5.25-6.10 - Plantar e colher o bem

Gálatas 5.25-6.10 Conforme João 6.68, Pedro diz a Jesus que Ele tem a palavra da vida eterna. Não tem outro a ser seguido. Pedro pergunta a...